São Paulo, quinta-feira, 12 de outubro de 1995
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Mirândola diz que vai cobrar indenização da União

DA FOLHA RIBEIRÃO

O ex-funcionário do Itamaraty Jorge Mirândola, 48, afirmou ontem, em Ribeirão Preto (319 km ao norte de São Paulo), que pretende entrar com um pedido de indenização contra a União por ter ficado preso por oito dias acusado de crime que não cometeu.
Ele passou pela rodoviária de Ribeirão, vindo de Brasília, após ter sido liberado pela Polícia Federal anteontem. De lá, partiu para Porto Ferreira (230 km a norte de São Paulo).
O ex-funcionário afirmou ainda não ter definido o valor que pretende pleitear na ação. ``Quanto você acha que vale a liberdade de uma pessoa?", perguntou.
Mirândola foi acusado de ter enviado um livro-bomba ao Palácio do Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores. A bomba feriu a diplomata Andréia David.
Segundo ele, a pessoa que enviou a bomba deve ter conhecimento das ``frágeis condições de segurança" no Itamaraty. ``Qualquer um entra e sai com pacotes sem ser revistado", afirmou.
Mirândola afirmou que qualquer pessoa com conhecimentos de explosivos é capaz de fazer, em menos de um hora, uma bomba semelhante à enviada ao Itamaraty.
Ele diz conhecer pessoas que comprovam que, no período do atentado, ele estava cuidando de seus negócios em Vargem Grande do Sul (45 km a sul de São Paulo).
Mirândola afirma que, desde que foi afastado do serviço diplomático, em 1981, se dedica à venda e à fabricação de bijuterias e chapéus.
Segundo ele, seu afastamento se deu devido a críticas que teria feito ao governo do presidente João Baptista Figueiredo (1979-1985).
Mirândola é advogado, formado pela Universidade de Brasília, e diz ser profundo conhecedor de técnicas militares.
Ele afirmou que, desde o início do ano, vem realizando tratamento contra mal de Parkinson.

Expectativa
Mirândola está sendo esperado em Poços de Caldas (MG), a 270 km de São Paulo, para retirar de um hotel uma mala com roupas e pegar na delegacia seu carro, uma Brasília amarela 73, que foi apreendido pela polícia no dia 3, quando ele foi preso.
``Estava esperando que Mirândola viesse buscar o carro dele hoje. Como foi liberado pela PF, não temos por que segurar o carro aqui", disse o delegado Carlos Camargo.
Em frente à delegacia, o dono de um estacionamento esperava Mirândola para cobrar uma dívida de R$ 100 -R$ 50 pela uso de uma vaga por oito dias e outros R$ 50 por um guincho que transportou o carro do ex-funcionário ao lugar.

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