São Paulo, quinta-feira, 12 de outubro de 1995
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``Polícia cometeu infantilidade"

VANDRÉ KRAMER
DA FOLHA RIBEIRÃO

Jorge Mirândola afirmou ontem ter um álibi contra a acusação de que ele teria sido o responsável pelo envio do livro-bomba que feriu a diplomata Andréia David.
Ele afirmou que a polícia agiu com "infantilidade" ao acusá-lo do atentado.

Folha - Como o sr. vê sua prisão por um crime que afirma não ter cometido?
Jorge Mirândola - A Polícia Federal cometeu uma infantilidade, um erro primário, ao me acusar de ter posto uma bomba no Palácio do Itamaraty.
No momento do crime, há pessoas que podem comprovar que eu estava cuidando de meus negócios, em Vargem Grande do Sul (a 45 km de SP).
Folha - Que tipo de negócio?
Mirândola - Desde que fui cassado pelo regime militar, eu me dedico ao fabrico e à venda de artigos de bijuteria.
Folha - Quando o sr. foi cassado?
Mirândola - Fui cassado em 1981, sendo proibido de exercer a atividade diplomática. Fui proibido de exercer a carreira por ter feito denúncias contra a política externa do governo Figueiredo (1979-85).
Folha - Que tipo de denúncia o sr. apresentou sobre o governo Figueiredo?
Mirândola - Durante o mandato de (João Baptista) Figueiredo, eu denunciei a venda de tecnologia nuclear para o regime iraquiano de Saddam Hussein. Essa tecnologia serviria para a construção de bombas e ogivas nucleares, durante a guerra entre Irã e Iraque.
Folha - Como o sr. sabe de possíveis atentados a bomba?
Mirândola - Há 30 anos estudo os fenômenos ligados ao espiritismo kardecista. Desde 1992, tenho recebido contatos com os espíritos que me transmitem via telepatia as informações.
Folha - Além do caso do Itamaraty, o sr. recebeu outros contatos?
Mirândola - Também recebi informações espirituais sobre os atentados a bomba em Paris, nas últimas semanas, e do atentado à Associação Judaica, em Buenos Aires.
Alertei os dois governos, entretanto apenas o governo francês deu crédito às informações.

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