São Paulo, quinta-feira, 12 de outubro de 1995
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Comédia de erros

As investigações da PF acerca do livro-bomba enviado ao Itamaraty mais se assemelham a uma comédia de erros. Numa prova de ``grande eficiência", menos de 24 horas depois do atentado já havia um suspeito que, pouco depois, foi preso.
Embora exista toda espécie de malucos no mundo, não é preciso ser nenhum especialista em investigações criminais para saber que quem deseja explodir algo ou alguém não costuma avisar antes por meio de carta assinada com o nome verdadeiro.
Na semana passada, o diretor interino da PF, Moacir Favetti, afirmou que as chances de Jorge Mirândola ser o autor do atentado eram de 95%. Anteontem, o superintendente da PF em Brasília, Paulo de Magalhães Pinto, teve de reconhecer que Mirândola não é mais o principal suspeito. Preferindo não divulgar os nomes dos novos maiores suspeitos, Pinto declarou: ``Não dá para dizer se é maior ou menor, não é matemática".
Mais importante do que chegar a um consenso sobre se investigação criminal é ou não matemática -na semana passada era, agora, não-, a PF poderia aprender a agir com um pouco mais prudência e menos vontade de aparecer. O juiz que acatou o pedido de habeas corpus em favor de Mirândola classificou os indícios apresentados para justificar a prisão de ``insuficientes e fantasiosos".
Talvez ao menos esse episódio ensine à PF a necessidade de cautela antes de fazer acusações infundadas. A imprensa, pelo menos, aprendeu algo com o caso Escola Base e vem cobrindo a bomba no Itamaraty com mais isenção do que a autoridade policial.

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