São Paulo, quinta-feira, 12 de outubro de 1995 |
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Luz elétrica `acende' turismo na região
ALEXANDRE SECCO
Exemplo disso é a chegada, em abril passado, de luz elétrica ao povoado de São Jorge, na cidade de Alto Paraíso, situado aos pés do parque. A região de São Jorge tem dezenas de cachoeiras, formações rochosas que lembram a superfície lunar e muitas trilhas. Em Alto Paraíso, a atração são as 42 seitas esotéricas. Uma atividade levada tão a sério que no lugar foi construído um aeroporto para discos voadores. Até bem pouco tempo, visitar São Jorge era uma aventura que começava em uma precária estrada de terra de 35 quilômetros, para ``acabar" em um povoado com acomodações ruins, muita poeira, banho frio e cerveja quente. Mas toda a recente ``modernidade" não descaracterizou a antiga vila de mineiros de cristal, onde hoje moram 250 pessoas. A comida ainda é feita em fornos a lenha, o café é torrado pelos moradores e as ruas continuam no escuro, livres da luz elétrica por exigência dos próprios habitantes. A estrada que separa São Jorge do asfalto continua de terra, mas foi bastante melhorada. Hoje existem pousadas muito agradáveis, o banho é quente e cada comerciante se gaba de vender a cerveja mais gelada do lugar. Tudo ficou pronto a tempo para visitas ainda neste ano. A melhor época para visitar a região vai de maio até a primeira quinzena de novembro. Entre outubro e o começo de novembro, a umidade aumenta e torna o clima (com temperatura média de 24 graus Celsius) mais ameno. O resultado das melhorias é que neste ano o parque de 65 mil hectares -onde estão mais de cem nascentes de rios e dezenas de espécies de animais- deverá receber três vezes mais visitantes do que nos últimos anos. A previsão do Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente) é que 15 mil pessoas de todo o Brasil e muitos estrangeiros passem por lá. Dentro do parque há cinco passeios diferentes por trilhas que levam a quedas-d'água, corredeiras e cânions formados no curso do rio Preto. Um dos roteiros mais frequentados é o que leva aos saltos do rio Preto, formado por duas quedas, uma de 80 metros e a outra de 120 metros. As trilhas do parque são antigas rotas usadas pelos mineiros de cristal. Existem fagulhas e lascas de cristal por toda parte, especialmente nas trilhas. Fora dos limites do parque, o vale da Lua -uma formação de rochas esburacadas como um queijo suíço- beira o inacreditável. Outro ponto que deve ser visitado é o poço São Miguel -formado pelo rio de mesmo nome. A região da Chapada dos Veadeiros abriga ainda grande parte das espécies típicas de mamíferos e aves do Cerrado. Embora os bichos sejam muito arredios, ainda é comum ver guarás, raposas e, com sorte, veados. Mais difíceis de serem vistos, porém ainda existentes em grande quantidade, estão as antas, onças, tamanduás e tatus. As aves são mais fáceis de encontrar, principalmente no final da tarde. Existem literalmente bandos de papagaios e araras. Tucanos, pica-paus e o imponente gavião-carcará também vivem no parque. Só as aves catalogadas somam 82 espécies. Os técnicos do Ibama acreditam que o número seja bem maior. Existem apenas levantamentos feitos com base em consultas aos moradores. Não há uma descrição científica detalhada das espécies. Texto Anterior: Violência é a marca do país Próximo Texto: Vila nasceu do garimpo Índice |
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