São Paulo, sexta-feira, 13 de outubro de 1995
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Diplomata da ONU mente, diz Iraque

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O governo iraquiano negou ontem as acusações da ONU de que o país conseguiu mais avanços em seus armamentos do que mostrou à organização.
Relatório divulgado anteontem por Rolf Ekeus, diplomata da ONU responsável por acompanhar o desarmamento do Iraque, diz que o país mentiu sobre armas.
``O grande mentiroso é ele", disse Taha Mohieddin Ma'rouf, vice-presidente iraquiano.
``Em uma página (do relatório) ele fala que o Iraque está cooperando. Em outra, que está escondendo segredos. Suas palavras são contraditórias", disse Ma'rouf.
No documento, Ekeus diz que o Iraque não deu uma relação ``plena e correta" sobre o fim do programa de armas biológicas.
O desarmamento, exigido pela ONU desde a invasão do Kuait (1990), é crucial para que o órgão suspenda as sanções contra o país.
Restrições contra a compra do petróleo iraquiano fizeram, nos últimos cinco anos, com que a população morresse de fome e com que o dinar perdesse seu valor.
``Ekeus é um termômetro para nossos preços. Temo pela repercussão de seu relatório", disse o Ma'rouf.
Segundo a agência de notícias ``Reuter", após a divulgação do relatório de Ekeus os preços subiram imediatamente no Iraque.
Há um mês, compravam-se 30 ovos por 3.000 dinares. Ontem, a mesma quantidade era vendida por 4.000 dinares. O quilo da lentilha subiu de 750 para 1.100 dinares.
Apesar dos problemas, Saddam segue demonstrando que não perdeu a força no país.
Os preparativos para a eleição presidencial deste domingo continuam, apesar de os EUA terem qualificado o pleito de ``paródia da democracia".
Um porta-voz de Saddam disse que o comentário mostra "insolência dos EUA. ``A afirmação revela nervosismo e desespero."
No Reino Unido, Husain Rashid Hassan, ex-mestre de cerimônias de Saddam Hussein que fugiu do país esta semana, deu entrevista ontem em Londres.
Hassan pediu que todos os iraquianos abandonem o país. ``Escapei de duas tentativas de assassinato. Então, decidi fugir", afirmou. Hassan foi recebido em Londres pelo Conselho Supremo da Resistência Islâmica no Iraque, grupo contrário a Saddam.
Em agosto, o líder iraquiano sofreu duro golpe. Suas duas filhas e os respectivos maridos, líderes militares durante a Guerra do Golfo, fugiram para a Jordânia.

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