São Paulo, domingo, 15 de outubro de 1995
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Dívidas do Grupo Bloch somavam R$ 80,7 mi em 94

DANIEL BRAMATTI
AUGUSTO GAZIR

DANIEL BRAMATTI; AUGUSTO GAZIR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um relatório confidencial do Banco do Brasil, de novembro de 94, apontou o grupo Bloch (formado pela TV Manchete e Bloch Editores) como o maior causador de prejuízos à instituição. As empresas somavam R$ 80,7 milhões em dívidas não pagas.
O banco lançou os valores como prejuízos por considerar os débitos "irrecuperáveis ou de difícil solução". A dívida da Bloch Editores era a maior: R$ 69,3 milhões. A TV Manchete devia R$ 11,4 milhões.
Outro documento confidencial do BB -uma auditoria de 93- revela que a situação chegou a um ponto incontrolável graças ao "tratamento privilegiado" que o banco dispensava ao grupo Bloch desde a década de 40.
Na época, segundo a auditoria, era comum a cobertura de déficits ocasionados por duplicatas não pagas e cheques sem lastro emitidos pela empresa.
O relatório indica que a prática voltou a ocorrer entre abril de 88 e agosto de 89.
Em 92 o banco decidiu cobrar na Justiça os saldos devedores -o que não significaria a recuperação dos prejuízos.
Segundo o próprio BB, a instituição não teria direito à correção monetária desde o dia em que cobriu os cheques, mas somente a partir do ajuizamento do caso.
A auditoria não responsabiliza ninguém pelos prejuízos. Diz apenas que a cobertura dos rombos nas contas da empresa era autorizada pela Superintendência do BB no Rio.
O BB não divulga dados atualizados sobre a dívida, alegando sigilo bancário.
Investimento
A Rede Manchete anunciou um investimento de R$ 6 milhões na novela "Tocaia Grande" e em novos projetos.
Segundo Osmar Gonçalves, 48, diretor-superintendente comercial das empresas Bloch, "o dinheiro dos investimentos veio do faturamento da emissora no último ano e de outras empresas do grupo Bloch".
"Quando Adolpho Bloch reassumiu o controle da Manchete, em abril de 93, ele começou a sanear a emissora e fazê-la lucrar", afirma.

Colaborou a Reportagem Local

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