São Paulo, terça-feira, 17 de outubro de 1995
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Fazendas de camarão ampliam negócios

JOSÉ ALBERTO GONÇALVES
ENVIADO ESPECIAL A CANGUARETAMA (RN)

A redução nos estoques de camarões no alto-mar está estimulando investimentos no cultivo do crustáceo no litoral do Nordeste.
Este ano, a produção de camarões marinhos em cativeiro é estimada em 2.500 toneladas (t), 25% maior que a de 94, segundo Itamar de Paiva Rocha, vice-presidente da ABCC (Associação Brasileira dos Criadores de Camarões).
``A procura por camarões é maior do que a oferta", diz.
Canguaretama, no sul do litoral do Rio Grande do Norte, é um dos principais pólos de cultivo.
Estão instaladas lá fazendas de três das principais empresas de cultivo de camarão do país -Camanor, Marine e Sibra.
A retomada da atividade no Nordeste, a partir de 92, veio acompanhada de inovações na técnica de cultivo em viveiros, onde ocorre a engorda do crustáceo.
Para reduzir o desperdício, a ração para os camarões passou a ser colocada em bandejas.
Há fazendas utilizando, também, aeradores, aparelhos que facilitam a circulação de ar na água.
Outra inovação foi a redução do tamanho dos viveiros para entre 1 ha (hectare) e 5 ha, a fim de elevar a produtividade. Nos anos 80, o tamanho variava de 20 ha a 40 ha.
A maior fazenda de camarões da cidade, a Marine, tem 225 ha, ocupados por 27 berçários, onde as pós-larvas (camarão com 1 grama) crescem, e 35 viveiros.
Para implantar a fazenda, instalada em uma salina desativada, a Marine investiu US$ 8 milhões.
Sávio Vieira, presidente da empresa, prevê produção este ano de 430 t, com aumento de 43% sobre o resultado do ano passado. Metade está sendo exportada.
A Marina deve faturar R$ 3,5 milhões, 75% mais que em 94.
Boa parte desse incremento deve-se à ampliação da fazenda, cuja área ocupada por viveiros atingia 115 ha no ano passado.
Logo após a despesca (retirada dos camarões dos viveiros), o crustáceo é levado à unidade beneficiadora, onde é classificado, congelado e embalado, caso se destine à exportação.
A receita da Camanor deve crescer 40%, alcançando R$ 700 mil, segundo Werner Jost, dono da empresa.
Jost estima produzir 120 t este ano, 30% a mais que em 94.
Para ele, a profissionalização do setor, com a adoção de tecnologias e espécies adequadas, está atraindo novos investimentos.
``A utilização do Penaeus vannamei, a partir de 92, reanimou as empresas", afirma Jost.
A espécie é nativa do litoral do Equador e cultivada em vários países das Américas.
Antes, eram utilizadas espécies brasileiras, cuja produtividade não ultrapassava 600 kg/ha/ano, de acordo com Jost.
Ele diz, porém, que doenças provocadas por vírus e bactérias apareceram em camarões trazidos da América Central.
``A empresa precisa fazer análise microscópica das pós-larvas, a fim de tratá-las com antibióticos e ração reforçada, caso apareçam sintomas de doenças", afirma.
Também se instalou em Canguaretama um grupo de Taiwan, Sibra, cuja fazenda começou a funcionar em janeiro passado.
Com 35 ha, ocupados por 35 viveiros, a fazenda da Sibra tem capacidade para produzir 200 t/ano.
Além da fazenda, a Sibra possui uma fábrica de rações para camarão no Sergipe e administra, em regime de comodato, um laboratório de produção de pós-larvas do governo pernambucano.

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