São Paulo, terça-feira, 17 de outubro de 1995
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Importação de máquinas cresce e pressiona balança

EDUARDO BELO; MÁRCIA DE CHIARA
DA REPORTAGEM LOCAL

A importação de máquinas e equipamentos é a principal ameaça ao equilíbrio da balança comercial neste final de ano. Enquanto as exportações do setor devem aumentar 5,3% sobre 1994, a previsão de compras no exterior é 35% maior, segundo a Abimaq (associação das indústrias de máquinas).
"O próximo setor a estourar as contas do governo é o de bens de capital (máquinas), avalia Sérgio Magalhães", presidente da Abimaq.
Ele teme que o governo, ao perceber o estrago das importações sobre o saldo comercial, possa tomar medidas para barrar as compras no exterior, a exemplo do que fez com o setor automobilístico.
A Abimaq estima que as importações do setor vão somar neste ano perto de US$ 5,5 bilhões, 72% acima das exportações previstas.
"Esses números vão crescer mais, o governo vai se dar conta e fechar a economia", afirma Magalhães. "Vai ser um desastre, porque nós não vamos conseguir atender à demanda", completa, em referência à falta de condições da indústria nacional de suprir de imediato o corte das importações.
"O que deve pressionar a balança comercial neste último trimestre do ano é a importação de bens de capital e de matérias-primas", atesta Carlo Barbieri, presidente da entidade Empresas Tradings, que reúne 110 companhias de comércio exterior do país.
Em setembro, afirma Barbieri, as tradings receberam 30% mais encomendas (para operações de outubro) do que na média dos meses anteriores.
Segundo ele, o aquecimento das compras se deve à proximidade do fim do ano. Até 31 de dezembro, a importação de máquinas está isenta de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados).
As empresas estariam comprando agora para fugir da tributação a partir do ano que vem. Antes da isenção, os equipamentos importados para a indústria pagavam entre 11% e 20% de IPI.
Para Magalhães, a isenção não é a responsável pelo resultado. A culpa cabe à política cambial, à excessiva carga tributária do produto nacional e à falta de uma política industrial, diz.
O presidente da Abimaq acredita que o governo irá renovar a isenção. A Folha procurou o Ministério da Indústria e Comércio para comentar o assunto nesta semana, mas não obteve resposta.
Ele diz, também, que a isenção só vale para produtos sem similar nacional. Ocorre que muitas das máquinas que chegam têm similar, mas "a alfândega não tem condições de avaliar", afirma.

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