São Paulo, terça-feira, 17 de outubro de 1995 |
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As vítimas do esporte
JUCA KFOURI O boxe fez mais uma vítima fatal. Desta vez um pugilista escocês, de 25 anos, James Murray, sobrenome sugestivo para quem morreu de murro. O boxe é um atentado contra a noção de civilização.Mas o automobilismo também fez mais uma vítima, o brasileiro Marco Campos, 19 anos, argumentarão os adeptos do boxe. E mostrarão que, na escala dos que perdem a vida praticando esportes, o boxe ocupa posição intermediária, atrás de uma porção de práticas aparentemente menos perigosas. E é verdade. O que esse argumento esconde é o de sempre: a finalidade de esportes que até matam mais que o boxe não é a destruição do adversário, não é a de causar danos a ninguém. Se, como treinamento, o boxe tem aspectos positivos, a competição é sempre deletéria para o físico e para a mente. Até entre os que sobrevivem, e a maioria sobrevive, raros são os que o fazem sem sequelas. Negar que o boxe atrai a atenção até dos que o condenam também será negar o óbvio. Se muitos gostam de automobilismo exatamente pelo alto risco que impõe, todos que param para ver uma luta de boxe querem ver sangue, querem ver o nocaute, a aniquilação de um dos contendores. Alguns países, como a Suécia e o Chile, já proibiram o boxe como competição em seus territórios. Será pedir demais que o Brasil também dê o exemplo? O radialista Wilson Toni, um dos diretores da rádio CMN de Ribeirão Preto -a que anunciou e não levou ao ar a gravação que revela corrupção grossa no futebol brasileiro-, fez um longo pronunciamento ontem na hora do almoço. Tentando defender o indefensável e tergiversando com argumentos éticos, ele mentiu pelo menos três vezes. Mentiu ao dizer que este colunista disse no programa "Cartão Verde" que a rádio havia demitido os dois responsáveis pela matéria. O que o colunista disse foi o que escreveu ontem neste espaço: que os jornalistas Alexandre Reis e Luiz Carlos Briza se demitiram em protesto pela decisão da direção da emissora. Mentiu, de novo, ao dizer que o colunista havia prometido levar ao ar trechos da gravação no "Cartão Verde" e mentiu pela terceira vez ao dizer que falara ao colunista que a decisão de não levar a fita ao ar na rádio CMN era dele. De fato, a coluna recebeu um recado de Toni mas não chegou a contatá-lo. Como se vê, não perdeu nada. Texto Anterior: Notas Próximo Texto: Corinthians apóia proposta de calendário do São Paulo Índice |
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