São Paulo, terça-feira, 17 de outubro de 1995
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Brasil faz acordo para combater terror

DENISE CHRISPIM MARIN
ENVIADA ESPECIAL A BARILOCHE

Chanceleres de Brasil, Argentina e Paraguai firmaram ontem um entendimento para combate ao terrorismo, ao narcotráfico e ao contrabando em suas fronteiras.
O fato ocorreu durante a Quinta Conferência de Cúpula Ibero-americana, em Bariloche, e estará registrado no terceiro documento a ser assinado hoje, durante o encerramento do encontro.
A sugestão foi apresentada pelo presidente argentino, Carlos Menem, aos seus colegas Fernando Henrique Cardoso (Brasil) e Juan Carlos Wasmosy (Paraguai).
O Brasil acabou sendo abordado de surpresa pela proposta e, no início, reagiu com perplexidade. Mas acabou se dobrando à idéia.
Segundo apurou a Folha, o chanceler brasileiro, Luiz Felipe Lampreia, não esperava que o tema fosse discutido nem que ganhasse destaque. Ontem, os três chanceleres, entre os quais Lampreia, divulgaram nota conjunta sobre o assunto.
O texto afirma que as cidades fronteiriças de Foz do Iguaçu (Brasil), Puerto Iguazú (Argentina) e Ciudad del Este (Paraguai) serão particularmente examinadas.
A proposta de Menem está atrelada a recentes pressões que o governo argentino vem recebendo da comunidade judaica local e dos EUA para combater o terrorismo.
Há suspeitas de que grupos islâmicos concentrados nessas regiões, como o Hizbollah (Partido de Deus), tenham organizado o atentado contra a Amia (Associação Mutual Israelita Argentina).
A explosão de um carro-bomba na sede da Amia, em 1994, no centro de Buenos Aires, matou quase cem pessoas.
A Justiça argentina ainda não concluiu a investigação sobre o atentado. Mas há indicações de que grupos terroristas circulariam livremente pelas regiões de fronteira, com o apoio de comunidades árabes locais.
O documento firmado entre os três países resultou de um encontro ocorrido no início de agosto, em Buenos Aires, no qual foram discutidas estratégias para o combate ao terrorismo internacional.
No encontro, ficou definido que organismos de segurança dos três países deveriam unir suas legislações sobre terrorismo e criar um banco de dados sobre circulação de pessoas e mercadorias.
Nota divulgada ontem diz que um novo encontro entre os chanceleres para a discussão dessas e outras medidas práticas deve ocorrer em breve. Não há data marcada.

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