São Paulo, terça-feira, 17 de outubro de 1995
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Farrakhan tem disco gravado

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O homem que ontem se comparou a Moisés, Jesus Cristo e Maomé, quando jovem sonhava apenas em se tornar um músico famoso.
O primeiro disco de Louis Farrakhan foi recebido com elogios pela crítica. Ele interpretava diversos calipsos românticos ao vibrafone e chegou a ser chamado de ``o próximo Harry Belafonte".
Ele continua compondo e tocando. Mas agora as letras tratam de problemas raciais e religiosos. Farrakhan dá concertos de violinos, tocando compositores eruditos.
Quem entende de música ainda acha que Farrakhan é um instrumentista virtuoso. Mas ninguém se incomoda com a sua música.
Desde que se converteu ao islamismo, há 35 anos, Farrakhan passou a se dedicar quase exclusivamente à política.
Foi um dos mais importantes assessores de Malcolm X, líder muçulmano negro dos anos 60.
Farrakhan não acompanhou Malcolm X quando ele se desligou da Nação do Islã. Em 1965, quando Malcolm X foi assassinado, muitos o consideraram um dos responsáveis pelo crime. Nenhuma acusação formal foi feita.
Farrakhan, 62, aparenta dez anos menos. Excelente orador, fala horas sem cansar a platéia.
Ganhou a desconfiança do ``establishment" com algumas frases e expressões em discursos. Entre elas: os judeus são ``sanguessugas", o judaísmo é ``uma religião da sarjeta", os homossexuais são ``os diabos brancos".
Nos últimos dois anos, Farrakhan, que vive num palacete em Chicago, começou a moderar seu discurso e chegou a demitir assessores por terem sido especialmente insultuosos ao se referirem a judeus e brancos.
(CELS)

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