São Paulo, terça-feira, 17 de outubro de 1995
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Rumo certo

O artigo do governador de São Paulo, Mário Covas, publicado no domingo nesta Folha, revela uma visão clara e precisa do problema do reequacionamento dos Estados modernos. Mostra também uma disposição para agir que até então o governador não havia revelado.
É claro que promessas de um futuro grandioso feitas por políticos são por definição suspeitas. Só em situações extremas como a de uma grande guerra é que um governante pede sangue suor e lágrimas a seus governados.
No caso de Covas, porém, ele não se limita a prometer um futuro grandioso. Ele diz como pretende torná-lo realidade. E é extremamente oportuno constatar que o governador rasgou de vez o velho ideário que até há pouco norteava as ações de políticos de esquerda e percebeu que um Estado, para ser bom, não precisa se distribuir em um sem-número de atividades que não lhe são precípuas ou ter empresas lucrativas cujos ganhos, em tese e apenas em tese, reverteriam para o bem da população.
Covas também parece ter percebido que o capital não é um inimigo a ser combatido, mas pode até tornar-se um excelente aliado do governo. Como o próprio governador bem escreveu: ``Porque ao governo, mais do que fazer, cabe governar. Vale dizer: o Estado deve delegar ao setor privado a produção de insumos e de serviços públicos e cuidar de assegurar sua provisão aos cidadãos".
De fato, o conceito de parceria Estado-iniciativa privada é uma das poucas boas idéias que surgiram numa era em que cada vez menos pessoas sabem aonde vai um mundo cada vez mais populoso.
Resta torcer para que a execução de um projeto que funciona e está aparentemente sendo empreendido com entusiasmo renda frutos.

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