São Paulo, quarta-feira, 18 de outubro de 1995
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Edema pulmonar mata Amaral Netto, 74

DA SUCURSAL DO RIO; DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Deputado se dizia um dos únicos com coragem para assumir que era de direita e defendeu pena de morte
O deputado federal Amaral Netto (PPB-RJ), 74, morreu ontem, no Rio, em consequência de um edema pulmonar agudo, caracterizado pelo acúmulo de líquido nos pulmões. Ele teve o edema durante a madrugada, não resistiu e morreu por volta de 15h.
O deputado estava internado havia 15 dias no Hospital Samaritano, em Botafogo (zona sul do Rio). Nos últimos dez meses, foi internado várias vezes com sequelas de um acidente de carro.
Amaral Netto fazia questão de dizer que era um dos únicos políticos que tinham coragem de assumir que era de direita. Nos últimos mandatos como deputado, ganhou notoriedade pela insistência em ver aprovada a pena de morte.
Sua mulher, Ângela Adnet Costa, estava no hospital. Ele tinha 6 filhos dos dois primeiros casamentos, 12 netos e 2 bisnetos.
"Meu pai sempre foi um homem muito honesto, muito sincero. Até quem era contrário às opiniões dele o respeitava pela sua autenticidade", afirmou Maria Ernestina, 48, sua filha mais velha.
Políticos de várias tendências comentaram ontem a atuação do deputado. Quando Esperidião Amin (PPB-SC) comunicou ao plenário do Senado a morte de Amaral Netto, parlamentares fizeram discursos em sua homenagem.
Até a petista Benedita da Silva (RJ) fez questão de usar o microfone. "A relação política entre nós era zero, mas a pessoal era 100% maravilhosa", disse a adversária.
"Era um político conservador por sua postura e contemporâneo por ter sido um deputado de bem", disse César Maia, prefeito do Rio.
Para Sandra Cavalcanti (PPB), Secretária de Projetos Especiais da Prefeitura do Rio e antiga companheira do deputado, "ele era impulsivo, lutador e aguerrido".
A secretária completou: "Fomos contemporâneos, eleitos pela UDN deputados constituintes da Guanabara em 1965. Arrumava inimigos, se gastou muito".
O general Newton Cruz, da reserva, afirmou que Amaral Netto "era combatente e destemido", mas abriu espaço para algumas ressalvas políticas.
"Não vou dizer que era santo porque morreu. Muito no passado, eu apreciava a campanha que ele fazia junto com o Carlos Lacerda (leia texto abaixo), mas, posteriormente, não estava afinado com ele. Na época do Castelo Branco, ele foi um anti-revolucionário"
O velório do deputado realiza-se na Assembléia Legislativa, no centro do Rio. O enterro está marcado para as 13h de hoje, no cemitério São João Batista (Botafogo, zona sul do Rio).

Colaborou a Sucursal de Brasília

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