São Paulo, quarta-feira, 18 de outubro de 1995
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PF ignora descrição de suspeito de atentado

PAULO SILVA PINTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Duas semanas depois do atentado contra o Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty), a PF (Polícia Federal) ainda não realizou um retrato-falado da pessoa que entregou o pacote com o livro-bomba.
Rosa Januário Rodrigues, a funcionária que recebeu o pacote na Divisão de Assuntos Previdenciários e Sociais, afirma que estava com muita dor de cabeça no dia, mas lembra-se de que o rapaz que entregou o pacote tinha cabelos lisos e castanhos, estatura mediana e pele clara. A descrição não coincide com a aparência de Jorge Mirândola, que de imediato foi considerado o principal suspeito.
Rosa, que levou o pacote à diplomata Andréia David, foi ouvida pela Polícia Federal só três dias depois do atentado.
Ela passou as informações, mas não foi produzido desenho por um perito para que ela pudesse avaliar se era parecido com quem viu.
"Logo depois do atentado eu me lembrava um pouco melhor da pessoa", disse ela à Folha. "Mas se eu o vir, posso reconhecê-lo".
Rosa estranha o fato de nunca ter se encontrado com a pessoa antes ou depois do atentado nos corredores do Itamaraty. "Eu conheço muitos funcionários de vista, mesmo sem saber quem são", diz.
O rapaz que entregou o pacote afirmou que ele tinha sido encaminhado por engano à divisão em que trabalha. Rosa não se lembra do nome da divisão, apenas que tinha quatro letras.
Todas as divisões de quatro letras do Itamaraty foram procuradas e negaram que o pacote tenha passado por elas.
A Polícia Federal não revela por que foi descartado o retrato falado da pessoa que entregou o pacote-bomba a Rosa.
A assessora de Comunicação Social da PF, Viviane da Rosa, disse que não sabia explicar a razão desse procedimento.
Viviane, a única pessoa que fala oficialmente sobre o caso da bomba na PF, afirmou que iria procurar a superintendência de Brasília para conseguir mais informações e não deu resposta.
Rosa Januário Rodrigues olhou várias fotos de contínuos que trabalham no Itamaraty e não reconheceu nenhum deles.

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