São Paulo, quarta-feira, 18 de outubro de 1995
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FHC promete a Arafat ajudar palestinos

ROGÉRIO SIMÕES; ANDRÉ FONTENELLE
ENVIADOS ESPECIAIS A BRASÍLIA

O presidente da Autoridade Palestina, Iasser Arafat, 66, terminou ontem uma rápida visita ao Brasil recebendo a promessa de que o governo brasileiro vai investir em melhorias na região.
Durante discurso feito em jantar oferecido ontem a Arafat, em Brasília, o presidente Fernando Henrique Cardoso disse que o Brasil poderá colaborar com os palestinos em diversas áreas, desde a agricultura até saúde e saneamento.
"São muitas as áreas em que podemos avançar com ações específicas no curto e médio prazos: agricultura, ciência e tecnologia, educação, formação profissional, saúde e saneamento, transporte e administração municipal", disse Fernando Henrique.
FHC condecorou Arafat com a Grã-Cruz do Cruzeiro do Sul. Depois, ambos trocaram presentes.
Em entrevista coletiva no final do dia, Arafat afirmou que nenhum plano concreto de cooperação foi definido com o Brasil, mas deixou abertas as portas para futuras negociações.
"Devo acrescentar que damos as boas-vindas a qualquer financiamento", afirmou.
Arafat disse ainda que um futuro Estado palestino terá um governo democrático. "Nós, palestinos, nos sentimos orgulhosos de nossa democracia. É uma das mais difíceis democracias do mundo."
Perguntado sobre uma possível participação do Brasil no Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), Arafat não tomou posição. Disse apenas que o momento atual é "um bom momento" para se reestudar a composição do conselho.
Iasser Arafat foi recebido oficialmente por Fernando Henrique Cardoso às 18h10, com honras militares e a execução dos hinos nacionais brasileiro e palestino.
A visita do presidente da Autoridade Palestina começou na madrugada de ontem. Arafat chegou a Brasília às 2h45 e foi levado ao hotel Carlton, onde se hospedou.
O primeiro a ser cumprimentado por Arafat foi Nelson Jobim, que recebeu do líder palestino dois beijos no rosto.
Depois do café, Arafat esteve no Senado e a Câmara dos Deputados, onde se encontrou com políticos das duas casas.
A visita a Brasília incluiu ainda um encontro com o governador do Distrito Federal, Cristovam Buarque, e um almoço com o ex-presidente do PT Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente do partido, José Dirceu, e o governador do Espírito Santo, Vitor Buaiz.
Depois do almoço, Lula disse que o Brasil deveria reconhecer o Estado palestino, mesmo antes de esse reconhecimento ser estabelecido nos acordos de paz com Israel. "Na medida em que há um acordo, todos os países democráticos do mundo deveriam reconhecer a existência do Estado palestino", disse.

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sobre Arafat à pág. 2-12

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