São Paulo, quarta-feira, 18 de outubro de 1995
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Protético é preso após depredar templo da Igreja Universal em PE

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

O protético Murilo Aparecido Valois, 36, foi preso ontem pela Polícia Civil após depredar um templo da Igreja Universal do Reino de Deus em Garanhuns (229 km de Recife, PE).
Valois invadiu o local na noite de anteontem e destruiu vários objetos a golpes de enxada. Ele confessou o crime e foi solto à tarde, após pagar fiança de R$ 100.
No momento da agressão, cerca de 30 fiéis assistiam a um culto no templo, o maior da Universal na cidade, com capacidade para 450 fiéis. Ninguém se feriu.
O protético disse que agiu alcoolizado e que estava "muito emocionado" com as imagens da TV que mostravam o bispo Sérgio Von Helder chutando uma estátua de Nossa Senhora Aparecida.
"Meu nome é Aparecido e tenho devoção por Nossa Senhora", disse ele durante o ataque. A agressão durou cerca de 15 minutos. Ele só parou depois que o cabo da enxada quebrou.
Segundo o pastor da Universal em Garanhuns, José Alves de Melo, 28, Valois destruiu uma mesa de som, um gravador, um teclado, a mesa do altar, caixas de som, vasos, arranjos e bancos.
Melo acredita que o prejuízo pode superar os R$ 2.000,00. "Ainda não avaliamos". O pastor disse que não pretende cobrar a dívida do protético.
Para o pastor, a depredação do principal templo da seita na cidade é um sinal de que a Universal "colhe o que plantou".
"O que Von Helder fez foi um erro, uma atitude impensada, sem consulta ao ministério da igreja", criticou. "Ele plantou e nós colhemos", afirmou o pastor à Agência Folha, por telefone.
Melo disse que já perdoou o acusado -que também declarou estar arrependido do que fez- e que cabe agora à Justiça decidir se pune ou não o protético.
Valois foi indiciado sob acusação de danos materiais e ultraje a culto religioso. Segundo o delegado que apura o caso, Manoel Paulo Clemente, as penas variam de um mês a um ano de prisão.
Por causa da depredação, a Universal optou por não realizar ontem o culto da manhã na cidade. À tarde a igreja funcionou normalmente, sem incidentes.
O pastor, que pediu e obteve segurança da polícia contra novas agressões, disse que orientaria os evangélicos da igreja em Garanhuns a não revidar a agressão.
O porta-voz da Arquidiocese de Olinda e Recife, Miguel Cavalcanti, disse que a Igreja Católica não aceita a atitude de Von Helder, mas "condena o revide e a violência".
Em entrevista por telefone à Agência Folha o protético Murilo Aparecido Valois disse ontem estar arrependido do que fez. "Às vezes acontecem coisas inexplicáveis com a gente", justificou.
Valois afirmou que depredou o templo da Universal porque ficou "revoltado" ao ver na TV a agressão à imagem de Nossa Senhora.
"Aquilo foi acumulando, acumulando, até que eu bebi e explodiu tudo", disse o protético, que nasceu em Recife, é filho único de um dentista, separado, tem três filhos e diz ser devoto de Nossa Senhora Aparecida.

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