São Paulo, quarta-feira, 18 de outubro de 1995
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'Mão do Desejo' toca em assuntos bem delicados

ZECA CAMARGO
EDITOR DA ILUSTRADA

"A Mão do Desejo" deveria ter seu título traduzido por algo como "descabelando o palhaço", mas os distribuidores provavelmente optaram por essa alternativa mais "poética", talvez como uma armadilha para atrair um público mais romântico.
Vale assim um aviso prévio: este filme é sobre um garoto que está a fim de se masturbar, não consegue e, para não se frustrar completamente, acaba transando com a mãe. Romântico, não?
Sensação suprema do ano passado Sundance Film Festival (o principal ponto de referência para produção independente americana), "A Mão do Desejo" transformou seu diretor estreante David O. Russel em sensação -não um Tarantino, claro, mas algo entre um Robert Rodriguez e um "novo Woody Allen".
Além do talento de Russel, "A Mão do Desejo" traz performances estupendas de uma atriz pouco conhecida (Alberta Watson, no papel da mãe) e de um novato (Jeremy Davies, como Raymond, o filho).
Ironicamente, o conflito do filho que dorme com a mãe é o menos complicado no filme. Raymond traz uma carga de repressão adolescente mais densa -e interpretada na medida certa- do que uma mera culpa por um incesto.
Recheado de tiradas engraçadas e uma narrativa dinâmica, não há drama em "A Mão do Desejo". Mas também não há prazer -dependendo de como você encarar o assunto.

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