São Paulo, quarta-feira, 18 de outubro de 1995
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Médico geriatra preso é acusado de ser um 'mercador de ilusões'

KENNEDY ALENCAR
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria, Norton Sayeg, disse que o geriatra Eduardo Gomes de Azevedo "é um mercador de ilusões".
Dono de uma clínica de rejuvenescimento, Azevedo foi preso anteontem acusado de prescrever os medicamentos procraína e melatonina, proibidos pelo Ministério da Saúde. O médico pagou fiança de R$ 1.000 e foi libertado.
Sayeg disse que não há comprovação científica de que os medicamentos sejam rejuvenescedores e de que tragam benefícios à saúde. Segundo ele, as substâncias podem fazer mal aos pacientes.
A procraína é uma substância anestésica e tem um pequeno efeito antidepressivo. Segundo a diretora do Centro de Vigilância Sanitária de São Paulo, a droga foi proibida pelo Ministério da Saúde em 1985 e pode provocar arritmia cardíaca e convulsões.
A melatonina é um hormônio. Produzido naturalmente pelo organismo humano, favorece o adormecimento quando o dia começa a escurecer.
Segundo Sayeg, a substância sintetizada em laboratório e usada reiteradamente pode provocar câncer a longo prazo. "O crescimento e o surgimento de tumores estão associados à quantidade de hormônio que circula no organismo."
A Folha telefonou ontem para Azevedo em sua casa. Uma pessoas que se identificou apenas como Cristina disse que o geriatra havia viajado para Brasília.
Nas clínicas de São Paulo, Brasília e Santos, secretárias também informaram que o médico estava no Distrito Federal, mas num endereço ignorado.
Em entrevistas, o geriatra diz que tem clientes famosos como a apresentadora de TV Angélica, o empresário Olacyr de Moraes e a cantora Simony. Azevedo foi expulso da Sociedade Brasileira de Geriatria em 1991.
No Conselho Regional de Medicina de São Paulo tramitam três processos contra Azevedo por infração à ética médica, devido à prescrição de remédios proibidos.

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