São Paulo, quarta-feira, 18 de outubro de 1995 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
O fundo de privatização O fundo de privatização LUÍS NASSIF A idéia do fundo de privatização, visando equacionar as dívidas públicas em geral, inclusive as estaduais, é bastante habilidosa -e segue os princípios de securitização da dívida que estão sendo adotados por Minas Gerais e São Paulo.A lógica é a seguinte: vendas de estatais são processos demorados. Em muitos casos, se se quiser dinheiro vivo, o preço da estatal terá que cair sensivelmente para convencer o investidor a abrir mão de taxas reais de 30% a 40% ao ano, obtidas no mercado financeiro. Para transformar estatais em dinheiro, a saída é esse fundo de securitização. A União vende as primeiras estatais em dinheiro vivo e aporta os recursos no fundo. Ao mesmo tempo, transfere para o fundo outras estatais privatizáveis. Mediante uma contabilização correta, será possível estimar o valor patrimonial do fundo e emitir bônus, que seriam adquiridos por investidores. Ou seja, o fundo tem patrimônio de US$ 2 bilhões, constituído em estatais privatizáveis. Emitem-se US$ 2 bilhões em bônus, para venda no mercado. Rentabilidade A rentabilidade da aplicação corresponderá à valorização da carteira do fundo -isto é, do estoque de estatais privatizáveis. Mediante medidas de estratégia financeira -tais como vender apenas o controle das estatais, conservando o restante do capital em nome do fundo-, pode-se rentabilizar extraordinariamente o fundo. A mera mudança de controle acionário da empresa privatizada muda substancialmente seu valor. Ao privatizar inteiramente a empresa, o governo transfere para os compradores toda a sua valorização. No novo modelo, a valorização da maior parte dos ativos seria apropriada por esse fundo. Dívidas estaduais Esse dinheiro seria utilizado para administrar o estoque de dívida pública -federal e dos Estados e municípios. Estados e municípios que necessitassem de recursos recorreriam ao fundo, levando suas estatais. Uma comissão avaliaria o valor das empresas que seriam incorporadas ao patrimônio do fundo. Em troca, o fundo assumiria o valor correspondente em dívidas do Estado. Em vez de desembolsar dinheiro, o fundo receberia as estatais estaduais e emitiria volume de bônus correspondente ao valor contabilizado. Depois, trocaria esses bônus por dívidas estaduais, negociando descontos substanciais -já que os credores trocariam dívidas de recebimento duvidoso por papéis lastreados em ativos reais. Seria importante que o governo federal não se precipitasse e saísse negociando estruturalmente dívidas estaduais antes da montagem desse fundo. Texto Anterior: Calote aumenta 13% no México Próximo Texto: Outubro deve ser o último mês de superávit comercial Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |