São Paulo, quarta-feira, 18 de outubro de 1995 |
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Silverchair traz agressividade sincera
SYLVIA COLOMBO
O trio australiano Silverchair podia ser mais uma pequena banda colegial de surf music, mas resolveu mostrar que "agressividade e música moram em qualquer espírito", nas palavras do baixista Chris Joannou, 15, em entrevista à Folha, por telefone. A banda acaba de lançar o seu primeiro álbum, que sai no Brasil pela Sony Music. "Frogstomp" é um álbum trágico cheio de lirismo. Combina letras apocalípticas com batida punk e guitarras distorcidas. "Nossas influências são o Led Zeppelin e o Soundgarden." Chris conta que a banda começou quando ele se juntou com colegas de classe para participar de festivais de bandas de garagem. O que salta aos ouvidos logo de cara é a semelhança dos vocais de Daniel Johns com Eddie Veeder, do Pearl Jam. O tom enrouquecido e cheio de dramaticidade impressiona pela maturidade que alcança na voz de um menino de 16 anos. A maioria das músicas é cheia de acordes repetitivos que emergem do tumulto sonoro provocado pelo motor percussivo, comandado pela bateria de Ben Gillies. "Findway" e "Tomorrow" são as músicas de trabalho, com clipes gravados. Nelas os garotos afundam na dor, no melhor estilo: isto-está-muito-ruim-por-isso-vou-quebrar-tudo. Tendência ou não, a fórmula adolescentes limpinhos e bravinhos parece que pegou. Vide o sucesso dos britânicos do Supergrass e do Greenday, como se tanta dor e agressividade combinasse com o dia-a-dia de garotos bem alimentados e saudáveis. A depressão virou um apelo charmoso. "Mas somos revoltados mesmo", defende-se Chris, "Nascemos no meio do desespero provocado pela sociedade moderna." Mas o Silverchair soa sincero pela consistência do seu som. O sapo de olhos saltados da capa do CD traduz a banda de forma significativa, mistura o lúdico do brinquedo infantil com o susto, repelente e agressivo de sua presença. Texto Anterior: Lean realiza o épico do banal Próximo Texto: Classe média ignora 'preço real' das coisas Índice |
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