São Paulo, quinta-feira, 19 de outubro de 1995
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Agência usa computador em investigações

DA REPORTAGEM LOCAL

O diretor de Reportagem Assistida por Computador da Associated Press, Bill Dedman, disse ontem que sua empresa inaugura segunda-feira um novo laboratório de processamento de dados jornalísticos.
Dedman foi um dos palestrantes do primeiro dia do 2º Fórum Folha de Jornalismo e Mídia. O tema de sua palestra foi “Uso Intensivo de Computadores na Investigação Jornalística”.
Cerca de 200 pessoas participaram ontem do Fórum Folha, que prossegue hoje, a partir das 9h, no Hotel Transamérica.
Em sua palestra, Dedman disse estar há 18 meses montando o departamento da AP que abastecerá a rede de escritórios da agência de notícias norte-americana com dados processados eletronicamente em computadores.
Segundo o jornalista, será o mais moderno laboratório nos EUA. A AP terá em seus computadores todos os dados oficiais dos EUA, de governos locais, estaduais e federal.
O laboratório coordenado por Dedman vai processar as informações, montar tabelas, fazer cruzamentos e gravar os resultados em CD-ROMs. Esses discos serão enviados para todos os escritórios da AP nos EUA.
Além de Dedman, trabalham no laboratório da AP outros sete jornalistas e mais dois estagiários. “É uma das principais prioridades da agência no momento”, disse.
Dedman relatou vários exemplos de reportagens premiadas nos EUA que foram realizadas com o auxílio de computadores.
Um desses casos foi o da repórter Carolyn Tuft, que levou seu computador portátil para uma delegacia de polícia no Estado de Illinois e copiou dados referentes a 175 mil multas de trânsito.
Além dos motivos das infrações, Tuft colocou em sua planilha outros dados, como data, horário, sexo e cor da pessoa envolvida.
“O resultado foi que ela descobriu um padrão nas multas. A polícia local multava muito mais negros do que brancos -para manter os negros fora da vizinhança”, disse Dedman.
A palestra de Dedman foi moderada por Marcelo Beraba, secretário de Redação da Folha. Teve como comentadores Fernando Rodrigues, repórter da Folha, e Vera Lúcia Costa, do Instituto de Economia do Setor Público.
Rodrigues disse que, no Brasil, ainda há obstáculos para o uso intensivo de computadores em reportagens: “Os equipamentos são caros, há poucos bancos de dados informatizados e não está disseminada a importância do processamento eletrônico de informações”.
Marcelo Beraba acrescentou um quarto obstáculo para o pouco uso de computadores em investigações jornalísticas. Além de não haver dados informatizados, “o Brasil não tem uma lei, como há nos EUA, que obriga os órgãos públicos a fornecerem informações quando solicitados”, afirmou.

Hoje
O programa de hoje foi alterado. Houve uma inversão de horário para as duas palestras da parte da manhã (veja quadro abaixo).

Os convidados internacionais do 2º Fórum Folha viajam por cortesia da Vasp

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