São Paulo, quinta-feira, 19 de outubro de 1995
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Ex-comunistas perdem tiragem

DA REPORTAGEM LOCAL

Mais de cem jornais criados na ex-Alemanha Oriental após a queda do muro de Berlim, em 1989, desapareceram ou foram engolidos por grandes corporações da ex-Alemanha Ocidental.
Entre os grandes que sobreviveram, a integração das Alemanhas significou drásticas reduções de influência, tamanho e circulação.
Juntos, esses jornais vendem hoje a metade dos exemplares que vendiam até 1990 (10 milhões).
Reiner Oschmann, editor-chefe do "Neues Deutschland", ex-órgão do Partido Comunista da ex-Alemanha Oriental, disse ontem, durante o Fórum Folha, que o controle dos chefes comunistas sobre a mídia na era comunista foi substituído, com a integração, "pelas regras do dinheiro grosso".
Essas foram, segundo Oschmann, as principais transformações determinadas pelo fim da era comunista no jornalismo alemão.
Depois da queda do muro, o "Neues Deutschland", que era sustentado pelo Partido Comunista, reduziu seu quadro de jornalistas de 220 para 55, e a tiragem diária do jornal despencou de 1,1 milhão para menos de 80 mil.
Oschmann afirma que o enxugamento do mercado na ex-Alemanha Oriental e a "invasão" das empresas ocidentais -que compraram praticamente todos os grandes jornais e revistas do leste- produziu um "vácuo editorial" nas publicações.
"O sentimento de liberdade de expressão proporcionado pelo fim da era comunista perdeu espaço para o temor da perda de empregos", disse. Segundo ele, muitos jornalistas do leste, hoje empregados de empresas ocidentais, seguem ordens "como índios".
Para o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), o desafio dos jornais hoje é "derrubar o muro que os separa das grandes questões que estão transformando a sociedade".

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