São Paulo, quinta-feira, 19 de outubro de 1995
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Presidente ameaça tirar ministério do PMDB

LUCIO VAZ

LUCIO VAZ; DANIEL BRAMATTI; GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso disse aos líderes dos partidos aliados, no Palácio da Alvorada, que não entende como o PMDB da Paraíba mantém um ministério e quer votar contra a reforma administrativa do governo.
O deputado Cássio Cunha Lima (PMDB-PB) reagiu ontem à declaração do presidente, afirmando: "Isso é a oficialização da prática do 'é dando que se recebe'. Não está de acordo com a tradição democrática do presidente".
Os paraibanos interpretaram a fala de FHC como um convite a que o secretário de Políticas Regionais, Cícero Lucena (ex-governador do Estado), deixe o cargo.
Segundo os líderes, FHC fez o comentário após conversar, por telefone, com o deputado Ivandro Cunha Lima (PMDB-PB), um dos membros do PMDB paraibano na Comissão de Constituição e Justiça. Os outros são Gilvan Freire e José Luiz Clerot.
O deputado teria dito que a posição da Paraíba era política. O presidente disse que não aceitaria essa argumentação porque estaria atendendo a todos os pedidos da bancada do Estado.
Cássio Cunha Lima afirmou ontem que a indicação do ex-governador foi feita pelo PMDB nacional. E acrescentou: "O presidente precisa entender que os ministros não são donos de voto no Congresso. Aqui, cada um vota de acordo com a sua consciência.
Na avaliação do líder do PMDB na Câmara, Michel Temer (SP), a declaração de FHC não teve um tom de cobrança. "Foi uma conversa informal com os líderes. Ele disse apenas que estranhava o fato de a Paraíba ter um ministério e votar contra o governo".
Segundo o líder de um partido governista, o PMDB da Paraíba estaria insatisfeito com o esvaziamento da pasta de Lucena e com a perda de duas diretorias no Banco do Nordeste do Brasil.

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