São Paulo, quinta-feira, 19 de outubro de 1995
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Bastos é capital nacional do ovo

LUIZ MALAVOLTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BASTOS

Principal centro da colonização japonesa em São Paulo, a cidade de Bastos é conhecida hoje como a "capital do ovo". Os 121 granjeiros da cidade têm 7,5 milhões de aves, que produzem 150 milhões de ovos por mês ou 5 milhões por dia. É o município que mais produz ovos no Brasil.
Segundo Yasuhiko Yamanaka, presidente da Comissão Técnica de Avicultura de Postura da Faesp (Federação da Agricultura de São Paulo), Bastos responde por 25% da produção estadual de ovos.
Yamanaka, filho de um dos pioneiros da cidade, diz que os japoneses introduziram a avicultura em Bastos na década de 50, como alternativa econômica.
"Até então, Bastos tinha passado por ciclos do algodão, café e produção de bicho-da-seda, que sofreram decadência", afirmou.
A granja Mizohata, com 600 mil aves, é considerada uma das mais modernas de Bastos. Ela foi criada pelo imigrante Taichiro Hirotsu, morto há sete anos.
A granja é administrada agora pelos seus quatro filhos. Nélson Mizohata Hirotsu, 32, disse que a ordem é a "modernização".
Ele afirmou que em um ano investiu R$ 200 mil na granja, construindo mais 22 galpões para as aves e informatizando alguns setores da empresa. A produção de ovos cresceu 30%, segundo ele.
"Estamos racionalizando a produção, usando técnicas mais modernas. Para manter a granja só necessito hoje de 60 funcionários. Reduzi o custo de produção em 40%", disse Hirotsu.
A sericicultura, criação de bicho-da-seda, é hoje a segunda atividade econômica de Bastos. A indústria Bratac processa por ano 600 toneladas de fios de seda.
Segundo o diretor administrativo da Bratac, Afonso Nobuyuki Sakita, 95% da produção é exportada para Europa, Estados Unidos e Japão. "A seda usada nas roupas da alta moda no exterior é produzida com fios que saem da região de Bastos, o que nos deixa orgulhosos", afirmou Sakita.
A Bratac emprega 1.300 funcionários, na maior parte mulheres. Atualmente, a maioria dos trabalhadores não é de origem japonesa, como foi no passado.
Em 95, a Bratac deve faturar R$ 2,5 milhões com a exportação de fios de seda. É uma empresa privada, com matriz em São Paulo.
Em 1928, ela surgiu como uma sociedade colonizadora nipo-brasileira para assentar cerca de mil famílias de imigrantes japoneses nas terras que deram origem a Bastos.
Bratac é uma sigla de Brasil Takushoko Cumiai (significa Sociedade Colonizadora do Brasil, em japonês). A Bratac também deu origem a uma casa bancária de Bastos, que anos depois se transformou no banco América do Sul.
A historiadora Lúcia Mayumi Sugimoto diz que foi a Bratac que organizou o assentamento dos imigrantes japoneses após adquirir 12 mil alqueires da fazenda Bastos, em 1928. O assentamento começou em 18 de junho de 1928.

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