São Paulo, quinta-feira, 19 de outubro de 1995 |
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Polícia estuda investigar Botafogo
HUMBERTO SACCOMANDI
O clube teria "comprado" resultados positivos na Série A-2 do Campeonato Paulista, pagando juízes através de um intermediário, o ex-árbitro Wilson Roberto Catani (veja quadro acima). "Estamos estudando o caso e, se houver elementos suficientes, vamos instalar um processo policial", afirmou ontem o delegado Moisés José Cocito, da Delegacia Seccional de Ribeirão Preto. Segundo ele, esse é um tipo de caso no qual a polícia pode atuar "mesmo tomando conhecimento por meio de jornal". Cocito pretende examinar hoje a viabilidade de dar início às investigações. "É preciso ver onde o caso teria acontecido", disse. O delegado se disse torcedor do Corinthians. Seu filho joga pelo Botafogo e entrou no final de uma das partidas sob suspeita -Botafogo 2 x 0 Catanduva, disputada em Orlândia. Para Romeu Tuma Jr., ex-dirigente do Corinthians e delegado do 96º DP de São Paulo, as conversas gravadas de Catani constituem forte indício de crime. Segundo ele, a acusação de fabricar resultados pode caracterizar pelo menos estelionato (obtenção de vantagem ilícita em prejuízo de alguém). "Os torcedores que pagaram, a Federação Paulista de Futebol e os times prejudicados podem se sentir lesados e encaminhar denúncia", disse Tuma. Mas ele afirmou que a polícia não precisa de representação de ninguém para abrir inquérito em casos de estelionato como esse. "É um crime de ação pública. Os delegados das áreas onde foi emitido o cheque, onde houve a partida ou onde fica o suposto agente corruptor têm autonomia para investigar o caso", disse. Para ele, o fato de Catani ter posteriormente desmentido as afirmações não minimiza a gravidade do caso. "Ele não iria inventar tudo. Além disso, ele passou dados sobre o presidente do Botafogo aos quais dificilmente teria acesso. Isso já é suspeito", afirmou. Tuma observou que, caso Catani tenha inventado tudo, pode ser processado por calúnia, injúria e falsa comunicação de crime. LEIA MAIS sobre o caso na pág. 3 Texto Anterior: Clube nega participação Próximo Texto: Dirigente se recusa a falar Índice |
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