São Paulo, quinta-feira, 19 de outubro de 1995
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'Paddy Clarke' é doce e cruel

FERNANDA SCALZO
DA REPORTAGEM LOCAL

Livro: Paddy Clarke Ha Ha Ha
Autor: Roddy Doyle
Tradução: Lídia Cavalcante-Butler
Preço: R$ 23

"Seria genial, não seria? -eu disse. É -respondeu Kevin. Legal! A gente estava falando de ter a mãe morta." Este é o espírito, que se pega logo na primeira página, de "Paddy Clarke Ha Ha Ha".
Paddy Clarke é um menino de dez anos que vive com a mãe, o pai, o irmão que o acompanha nas brincadeiras e duas irmãs menores que ele ignora solenemente, em Barrytown, um subúrbio fictício de Dublin, no fim dos anos 60.
É pelos olhos de Patrick (Paddy é seu apelido) que o leitor vê as mudanças no subúrbio em crescimento e a separação dos pais do menino. Paddy ouve as brigas, faz suas especulações, um dia o pai vai embora.
Paddy é cruel e doce como qualquer menino de sua idade. E é isso que faz do romance de Roddy Doyle um sucesso: o escritor é completamente bem-sucedido ao assumir a persona do garoto. "Paddy Clarke Ha Ha Ha" vendeu mais de 500 mil exemplares na Grã-Bretanha.
São as aventuras de Paddy e seus amigos que compõem o livro: fogueiras em terrenos baldios, brigas na escola, correrias nas ruas em construção, lavar a louça para a mãe, palavrões, travessuras com os vizinhos. Nada extraordinário, mas tudo em tom de maravilhoso.
É como se de fato o livro tivesse sido escrito por um garoto de dez anos. Não há lugar para a ironia, para a análise racional, para desdobramentos lógicos ou outra maneira adulta de olhar os fatos do dia-a-dia.
Paddy conta todas as coisas ao mesmo tempo e passa ao leitor aquela sensação infantil de que um dia banal esteve lotado de acontecimentos excepcionais.

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