São Paulo, quinta-feira, 19 de outubro de 1995 |
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Arafat admite dividir Jerusalém com Israel
JOSÉ ARBEX JR.
Procurando mostrar otimismo, apesar das imensas dificuldades enfrentadas pelo acordo de paz com Israel, Arafat diz acreditar na convivência pacífica e harmoniosa entre árabes e judeus. Como prova, já admite, mesmo que implicitamente, uma proposta aventada pelo Vaticano e encarada até há pouco como heresia pelos dois povos: que Jerusalém seja uma capital binacional, ao mesmo tempo de Israel e da Palestina. Se Israel não atrasar a implementação prática do acordo -diz Arafat-, a Autoridade Palestina realizará suas primeiras eleições -"livres, pluralistas, democráticas e transparentes"- em janeiro de 1996. Arafat declarou-se pronto para aceitar sua eventual derrota, mesmo se isso significar a vitória do Hamas (Movimento de Resistência Islâmico). O líder palestino chegou ao Brasil na madrugada de terça-feira, para uma visita-relâmpago de apenas um dia. Cansado após uma extenuante agenda oficial -que incluiu um jantar com o presidente Fernando Henrique Cardoso-, Arafat recebeu a Folha às 23h30, em sua suíte presidencial no hotel Carlton de Brasília. Ele deixou a cidade às 5h25 de ontem rumo a Cartagena (Colômbia), onde participou da reunião dos países não-alinhados. Sempre amável, Arafat deixou, às vezes, escapar observações mal-humoradas. Instado pela Folha, Arafat disse que não se arrepende de nada do que fez e que seu maior orgulho é a "elevada qualidade espiritual" de seu povo. Falou de seu casamento com Suha, 33, de sua filha Zahua, nascida há dois meses em Paris, e de seus 28 filhos adotivos (órfãos de pais mortos em campos de refugiados). Arafat disse, também, que leva do Brasil uma sensação de "amizade calorosa", a qual espera poder retribuir em seu próprio país. Texto Anterior: Líder de ato negro ameaça processar EUA Próximo Texto: 'Nunca fiz nada de que me arrependesse' Índice |
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