São Paulo, quinta-feira, 19 de outubro de 1995
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Terror bovino

A liderança do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, num momento de deplorável destempero político, ameaça invadir outras fazendas e realizar uma matança de bois, caso o Incra não envie cestas básicas aos seus acampamentos.
Não se pode ignorar as graves condições em que vivem hoje no Brasil as populações mais carentes. Porém o drástico recurso a uma estratégia terrorista só cria mais um grave precedente para a agudização das tensões sociais no campo.
Os fazendeiros que, a partir de então, tiverem seu patrimônio atingido pelo vandalismo nas ocupações, poderão se ver, erradamente, é óbvio, no direito de receber à bala os futuros invasores, que, por sua vez, poderão contra-atacar da mesma forma. E, de arbítrio em arbítrio, instaura-se a mais desenfreada anarquia nas já complicadas relações entre os sem-terra e os proprietários rurais.
A rejeição de um cenário tão explosivo como o que se pode antever desde já -caso se cumpram as ameaças- passa pela recuperação dos canais estritamente político-institucionais de negociação e da credibilidade das partes envolvidas. Sem isso, prevalecerá a barbárie.
De resto, os pobres bois não têm nada a ver com esse problema que é exclusivamente humano.

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