São Paulo, quinta-feira, 19 de outubro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Dependência da agricultura marca culinária

DA REPORTAGEM LOCAL

Para entender a culinária chinesa é preciso levar em conta dois fatores: uma população de 1,1 bilhão e o fato de o país ser predominantemente agrícola.
Por dependerem da agricultura, os chineses se tornaram grandes conhecedores do campo, clima e colheita. Apesar da sua extensão, boa parte do território chinês não é cultivável, assim, mesmo em tempo de fartura, subsiste a idéia de fome e dificuldade.
Mas a culinária chinesa não se desenvolveu apenas como uma forma de suprir necessidades.
A cozinha é algo integrado à cultura, onde a preocupação não é só com o sabor, mas também com o aroma, a cor e os ingredientes.
A idéia de contraste entre texturas e sabores também é fundamental: um alimento quebradiço ou crespo deve ser acompanhado por algo liso; pratos de sabor suave devem ser combinados com outros condimentados.
Na cultura chinesa é tênue a linha que separa a comida da saúde. Para o chinês não há separação entre saúde mental e física. E ambas estão diretamente relacionadas com a alimentação.
"Para curar uma doença, é preciso saber seu motivo. É preciso saber o que a pessoa comeu antes que o médico possa prescrever", diz um manual culinário.
Visto como fonte de saúde, o arroz tem no país valor semelhante ao do pão para os ocidentais. Os chineses dizem que o arroz é usado por eles há mais de 5.000 anos.
Conscientes do trabalho gasto na colheita, os chineses não desperdiçam o alimento. As crianças são educadas para comer todo o arroz que é servido.
Segundo um ditado, cada grão deixado na tigela corresponde a uma marca de varíola no rosto do futuro marido ou mulher. E derrubar a tigela é considerado azar.
O arroz também é símbolo da vida e da fertilidade, daí o costume ocidental de jogar arroz em recém-casados.

Regiões
A China é dividida tradicionalmente em cinco regiões gastronômicas: Pequim, Szechwan, Fukien, Kwangtung e Chekiang-Kiangsu.
A cozinha de Szechwan, no centro do país, difere pelo uso de pimentas quentes.
Em Chekiang-Kiangsu encontra-se grande variedade de peixes e Fukien é conhecida por suas sopas claras e saborosas.
Já a cozinha de Kwangtung é famosa pelos seus ingredientes "exóticos", como patos selvagens, lesmas, ostras e tartarugas.

Texto Anterior: Aventura gastronômica começa na universidade
Próximo Texto: Religião deixa de ser o ópio dos chineses
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.