São Paulo, quinta-feira, 19 de outubro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Religião deixa de ser o ópio dos chineses

JAIME SPITZCOVSKY
DO ENVIADO ESPECIAL A KUNMING

A viagem a Yunnan pode representar também um mergulho no mundo religioso da China.
Em Kunming, o templo Yuan Tong corresponde ao maior complexo budista da cidade. E é uma oportunidade interessante para observar construções com mais de mil anos, embora reformadas várias vezes ao longo dos séculos.
Também costumam ficar por ali chineses que oferecem gian (pronuncia-se tchian), um ritual com pequenas lâminas de madeira.
Depois de negociar o preço, o turista é convidado a tirar algumas lâminas de madeira entre aquelas que o chinês segura em sua mão. Tais lâminas trazem inscrições que seriam capazes de prever o futuro.
Essa indústria da superstição prospera hoje na China. A crise ideológica do comunismo leva a população a buscar outras crenças.
A religião também se revigora na China do final deste século. O budismo é a principal religião do país, tendo em Yunnan uma das províncias com maior influência.
Em Kunming, além do templo Yuan Tong, também existe o templo Tanhuasi, a 4 km do centro da cidade. Foi construído em 1634, durante a dinastia Ming, e ganhou fama por seus jardins.
Os monastérios budistas oferecem outra oportunidade de conhecer essa religião associada ao Extremo Oriente, mas que surgiu na Índia. Na região oeste de Kunming ficam os monastérios Huatingsi e Taihuasi.
A história do monastério de Huatingsi começou em 1320, quando o monge Yuan Peng construiu naquela área um templo. A última reforma data de 1920.
A visita ao monastério Taihusai deve ser feita ao entardecer. Enquanto o Sol se põe, uma paisagem formada pelas cores de várias plantas chinesas atrai os turistas.
A diversidade de Kunming permite à cidade oferecer também uma mesquita. Construída há 400 anos, ela foi transformada numa fábrica durante os anos da ortodoxia comunista. Mas, agora, ela renasce, reforçando a tese de que a fé religiosa vai substituindo a crença ideológica.

Texto Anterior: Dependência da agricultura marca culinária
Próximo Texto: Pequim lembra a história das dinastias
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.