São Paulo, quinta-feira, 19 de outubro de 1995
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Turismo é a alegria do capitalismo chinês

JAIME SPITZCOVSKY
DO ENVIADO ESPECIAL A KUNMING

O exotismo de Kunming atrai um exército de turistas cada vez mais numeroso.
Eles vasculham parques, exploram mercados, caminham pelas vielas, visitam templos, andam de bicicleta e, o que mais inspira o governo chinês, deixam dólares como renda gerada pelo turismo.
Falar em renda não é mais pecado na China, ainda dirigida pelo Partido Comunista.
O governo adotou o capitalismo em 1978, como estratégia para tirar o país do colapso econômico. O que caiu como uma luva no cardápio de atividades planejadas para trazer dinheiro à economia que mais cresce no planeta hoje.
Conhecida como "cidade da eterna primavera" -por seu clima ameno e pela flora com mais de 400 espécies-, Kunming oferece também um quadro da China em transformação, o forte contraste entre o tradicional e o moderno.
Uma caminhada pelas ruas centrais, como a Nanjing e a Dongfeng, desvenda a construção em ritmo acelerado de edifícios com fachadas de vidros e mostra uma floresta de guindastes que ajudam a levantar os primeiros arranha-céus da cidade.
Mas basta entrar numa transversal dessas artérias de capitalismo para cair na rede da China tradicional. Nas ruas estreitas, os restaurantes invadem as calçadas com suas mesas, cadeiras e fogões. Fritam, por exemplo, bolinhos de creme de leite num óleo de aparência secular.
A velha Kunming, com uma história calculada em cerca de 2.000 anos, sente agora o peso do desenvolvimento com os congestionamentos que paralisam o trânsito na hora do rush.
Parados, carros importados são obrigados a assistir impassíveis ao avanço das tradicionais bicicletas chinesas.
Outro sinal dos novos tempos na China: Kunming se transforma num templo de consumo e oferece aos turistas lojas estocadas com produtos típicos.
Entre eles, esculturas de jade, chá, ervas medicinais e artesanato das minorias étnicas, como brincos feitos com pena de pavão. Estes custam em torno de 60 yuans o par (US$ 7,30).
Mas cuidado na hora das compras. Alguns comerciantes chineses demonstram nutrir um prazer especial no ato de empurrar seu produto por um preço exorbitante ao desavisado "laouai" (estrangeiro). E o pior é que fazem isso sempre com um simpático e delicado sorriso estampado no rosto.

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