São Paulo, sexta-feira, 20 de outubro de 1995
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Incra maquia assentamentos em Minas

HELCIO ZOLINI
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) de Minas Gerais anunciou ter assentado, de janeiro a setembro deste ano, 646 famílias em todo o Estado.
Documentos obtidos pela Agência Folha, no entanto, indicam que o assentamento de 72,13% do total anunciado (466 famílias) ocorreu nos últimos 20 anos (veja ao lado reprodução de certificado de propriedade de suspostos assentados em 1995).
No país todo, o relatório do Incra informa que, até o dia 20 do mês passado, haviam sido assentadas 17.768 famílias.
A meta do governo FHC é encerrar o ano com um total de 22.142 famílias assentadas.
Em Minas, ao contrário do divulgado, a Superintendência Regional do Incra assentou apenas 180 famílias neste ano.
Elas integram quatro Projetos de Assentamento (PAs) -Tapera, Saco do Rio Preto, Mamoneiras e Santa Clara-Furadinho-, localizados nos municípios de Riacho dos Machados, Bonfinópolis de Minas e Unaí, nas regiões norte e noroeste do Estado.
A essas 180 famílias o Incra-MG acrescentou outras 466 como tendo sido assentadas no período de janeiro a setembro de 95.
Segundo os documentos a que a Agência Folha teve acesso, esses 466 assentamentos, no entanto, referem-se aos Projetos João Pinheiro 1 e 2, no município de João Pinheiro, Funil, em Unaí, e, Mocambinho, em Jaíba. Esses assentamentos tiveram início em 1973.
A direção do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) de Minas também afirma que os assentamentos são antigos.
Em 91, o Incra, por intermédio do então e atual superintendente estadual, Geraldo Resende, concedeu os títulos de propriedade às famílias assentadas no dois projetos de João Pinheiro.
No projeto Funil, os assentamentos começaram a ocorrer a partir de 1977. As famílias receberam seus títulos de posse também em 91.
Já em Mocambinho, os assentamento se iniciaram em 92, quando o projeto foi criado pela Resolução nº 3 de 7.7.92.
Atualmente existem cerca de 600 famílias de sem-terra acampadas em várias regiões do Estado.
O MST estima em 600 mil o número de famílias que precisariam ser assentadas no Estado de MInas.
Nesse cálculo, a direção do movimento inclui as pessoas que deixaram o campo para viver nas periferias e favelas das grandes cidades.
O MST considera insuficiente o esforço do governo, que, nos últimos cinco anos, tem desapropriado uma média de quatro fazendas por ano para fins da reforma agrária.
Neste anos, no entanto, já foram desapropriadas oito fazendas em Minas com essa finalidade.
A meta do Incra-MG é assentar até dezembro um total de 1.319 famílias no Estado.
As 646 famílias que ele anunciou como assentadas em 1995 representam 63% do número de assentamentos previstos neste ano no Estado.

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