São Paulo, sexta-feira, 20 de outubro de 1995
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Bélgica autoriza julgamento de Claes

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O Parlamento da Bélgica quebrou ontem a imunidade de Willy Claes, secretário-geral da Otan (a aliança militar ocidental). Ele é acusado de corrupção.
Por conta da decisão, Claes, no cargo desde outubro de 1994, deve anunciar sua renúncia hoje.
Por 97 votos a favor e 52 contra, os deputados autorizaram que ele seja julgado pelo Supremo Tribunal do país. Houve uma abstenção. Segundo a Constituição, apenas o Parlamento tem poder para acusar ex-ministros.
Claes é acusado de favorecer as empresas Agusta (italiana) e Dassault (francesa) em contratos públicos entre 1988 e 1989, quando era ministro da Economia.
Membros do seu partido, o Socialista Flamengo, teriam recebido US$ 1,7 milhão da Agusta, para aprovar a compra de 46 helicópteros, e US$ 2 milhões da Dassault, para aprovar contratos de reformas de aviões belgas F-16 e Mirage.
A sessão no Parlamento belga começou às 14h locais (11h de Brasília) e foi realizada a portas fechadas.
Pouco depois de seu início, teve de ser interrompida por cerca de dez minutos. Um advogado do secretário-geral da Otan passou mal.
Segundo investigações realizadas por uma comissão parlamentar de inquérito, Claes sabia das comissões. Ele nega as acusações.
Até 88, a legislação belga permitia que os partidos recebessem doações de empresas privadas. Um ano depois, a lei foi mudada e as doações ficaram proibidas.
Durante as investigações, Claes, 56, disse que iria renunciar ao cargo da Otan caso o Parlamento pedisse o seu indiciamento.
A organização já tem três candidatos: o ex-chanceler dinamarquês Uffe Ellemann-Jensen, o ex-chanceler Hans van den Broek e o ex-premiê Ruud Lubbers (ambos holandeses).
Ao chegar ao Parlamento, Claes não quis dar nenhuma declaração. Segundo funcionários do governo, o secretário-geral da Otan assegurou mais uma vez aos deputados belgas que era inocente.
A defesa jurídica de Claes é feita por advogados contratados. Na parte política, o secretário-geral da Otan assumiu a sua defesa.
Na primeira sessão de ontem do Parlamento, no período da manhã, os deputados aprovaram, por 122 votos a favor e 28 contra, que o ex-ministro da Defesa Guy Coeme seja indiciado por corrupção.
Ele é acusado de estar envolvido no caso Dassault e Agusta. Coeme disse estar feliz pela continuidade da investigação, agora no Supremo Tribunal. "Agora vou poder provar a minha inocência".

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