São Paulo, sábado, 21 de outubro de 1995
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FHC ameaça responsabilizar deputados

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA; DA REPORTAGEM LOCAL; DA SUCURSAL DO RIO

O presidente Fernando Henrique Cardoso voltou a fazer ameaças aos integrantes da base governista por causa das resistências à aprovação do projeto de reforma administrativa na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara.
Em encontro anteontem à tarde com os líderes na Câmara do PFL, Inocêncio Oliveira (PE), e do PTB, Nélson Trad (MS), e três dissidentes da base governista na CCJ, o presidente não concordou em retirar do projeto o ponto que trata da quebra da estabilidade do funcionalismo público.
Após a reunião, FHC disse que poderá culpar publicamente o Congresso pela não aprovação das reformas, apesar do interesse do governo, caso a CCJ rejeite a possibilidade de demissão de servidores por excesso de quadro.
Ao mesmo tempo, os líderes governistas e assessores do Palácio do Planalto desencadeavam uma "operação abafa" para desmentir as ameaças de retaliação aos aliados que teriam sido feitas por FHC em outra reunião, terça-feira à noite, no Alvorada.
O deputado Vicente Cascione (PTB-SP), um dos dissidentes presentes à reunião de quinta, entendeu o recado do presidente como uma ameaça de "que o governo poderá jogar a nação contra o Congresso" se a reforma administrativa não passar.
Cascione disse que rebateu FHC. "O Congresso fez tudo o que o governo quis na aprovação da quebra dos monopólios estatais. Só não pode se despir de consciência jurídica para aprovar algo que considera inconstitucional".
Os outros dois dissidentes presentes ao encontro foram os deputados Régis de Oliveira (PFL-SP) e Bonifácio de Andrada (PTB-MG). O governo precisa de 26 votos para aprovar na CCJ o projeto de reforma administrativa.
Há 18 dissidentes na base governista, que estão se juntando aos 11 deputados de oposição da CCJ.
Em São Paulo, ontem, FHC adotou um tom ameno para cobrar a aprovação da reforma administrativa na CCJ.
Em entrevista no aeroporto de Congonhas, disse ter "absoluta tranquilidade" da aprovação do projeto porque "os parlamentares não vão faltar ao Brasil, e o Brasil precisa de reformas".
"O que eles (os parlamentares) estão discutindo são alguns aspectos da reforma. Eles sabem que as mudanças são importantes. Vamos discutir com paciência, com capacidade de perseverança e de convencimento."
O presidente negou ter dito que "a mesma caneta que nomeia é a que demite". "Não disse nada disso, não uso essas expressões. Não houve ameaça nenhuma".
No Rio, o presidente em exercício Marco Maciel afirmou que o governo não vai fazer mudanças no ministério. Ele esteve na sede da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro).

Colaborou a Sucursal do Rio

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