São Paulo, sábado, 21 de outubro de 1995
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FHC viaja aos EUA sem Lei de Patentes

RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso viajou ontem a Nova York, para participar da Assembléia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), com uma má notícia para o governo americano: recomeçou a agonia do projeto de Lei de Patentes no Senado.
Ao embarcar, em Belém, às 16h50 (17h50 em Brasília), FHC disse que falar em pressão é coisa de país subdesenvolvido. "Não serei pressionado por ninguém. Faremos a Lei de Patentes como quisermos, com tranquilidade."
FHC sofre pressões dos EUA para adotar logo novas regras de proteção à propriedade intelectual. Os EUA querem, principalmente, que o Brasil permita o patenteamento -o registro da propriedade da invenção- de remédios e de microorganismos.
O projeto estava pronto para ser votado no plenário do Senado, mas recebeu 19 propostas de mudança do texto de senadores e voltou ontem à CCJ (Comissão de Constituição e Justiça).
A CCJ terá 20 dias para analisar o mérito das emendas. O projeto também vai novamente à CAE (Comissão de Assuntos Econômicos), que terá outros 15 dias para dar parecer sobre as propostas de alteração do projeto. A votação em plenário deverá ocorrer somente no final de novembro.
Após a aprovação pelo Senado, o projeto retorna à Câmara, uma vez que o texto aprovado pelos deputados está sendo modificado. Significa que a nova Lei de Patentes ficará para o próximo ano.
O detentor da patente tem monopólio sobre a produção e a comercialização da invenção por 20 anos. Ele pode conceder a exploração a terceiros, mediante pagamento de royalties.
A atual legislação (Código de Propriedade Industrial, de 1971) não permite patenteamento de produtos farmacêuticos, alimentícios e químicos. No código também não há referência ao patenteamento de invenções biotecnológicas, que utilizam microorganismos.
A indústria farmacêutica dos países desenvolvidos acusa os laboratórios brasileiros de "pirataria", por copiarem fórmulas e produzirem aqui medicamentos inventados lá fora. Sem patente de remédios, os laboratórios nacionais não indenizam os inventores.
A discussão da matéria no Congresso tem sido polêmica. O projeto foi encaminhado pelo ex-presidente Fernando Collor de Mello, em abril de 91. A Câmara aprovou o texto em junho de 93, quando foi levado ao Senado.

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sobre os 50 anos da ONU à pág 2-12

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