São Paulo, sábado, 21 de outubro de 1995
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Funcionários querem manter voto na Vale

FERNANDO PAULINO NETO
ENVIADO ESPECIAL A BELÉM

O clube de investimentos dos funcionários, montado para comprar as ações da Vale do Rio Doce, vai garantir que os empregados não possam vender as ações.
O objetivo é manter a participação e, consequentemente, o assento no conselho da empresa privatizada.
O clube de funcionários deve ficar com 10% das ações ordinárias, segundo o presidente da Vale, Francisco Schettino. Essas ações constituem capital com direito a voto.
O estatuto do clube proíbe a venda de ações por dois anos. Depois, as ações só podem ser vendidas para integrantes do clube.
Schettino disse que 98% dos 15.311 funcionários da Vale já aderiram ao clube. Para ele, a decisão de limitar a venda dentro do clube evita o fracasso ocorrido em privatizações anteriores, quando os trabalhadores terminaram ficando com participações reduzidas.
Schettino disse ser favorável à pulverização do capital, para evitar que "oito ou dez grupos" tenham o controle da empresa e também dos "ativos minerais", isto é, as minas, que são concessão da União.
Para ele, "a grande contestação da sociedade", hoje, sobre o projeto de privatização da Vale, é a passagem das minas para a iniciativa privada, o que seria superado com a pulverização do capital, que "não é consensual" no governo.
O presidente da Vale disse ainda que tem procurado mostrar aos órgãos do governo que a empresa deve ser vendida integralmente, sem ser separada por área de negócios. Se ocorresse o desmembramento, "a Vale iria virar uma empresa provinciana, com mina, ferrovia e porto".
"O jeito que a Vale é faz parte de uma estratégia", diz Schettino. Ele afirma que as atividades da Vale são propositalmente interligadas e é isso que dá valor à empresa.
Schettino deu como exemplo o negócio da Vale com ouro, no qual não tem sócios. "O ouro em Minas é associado ao minério de ferro, em Carajás, a mina de ouro usa a estrutura de Carajás e a mina fica dentro do projeto. É muito complicado separar tudo isso."
Além disso, diz Schettino, se o negócio com ouro for desmembrado, a Docegeo, empresa de pesquisa mineral da Vale do Rio Doce, perderia muito seu valor. Sessenta por cento dos recursos da empresa são utilizados em pesquisas em ouro, disse Schettino.

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