São Paulo, sábado, 21 de outubro de 1995
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Paris determina as tendências para 96

Temporada de desfiles aponta o que vai ser moda

ERIKA PALOMINO
ENVIADA ESPECIAL A PARIS

Terminou ontem a temporada de desfiles das coleções primavera-verão 96, que efetivamente diz o que vai -ou não- "estar na moda". Entre os mais tradicionais, a tendência é o chique relaxado.
Para os mais modernos, vale o "trashy-chic (lixo-chique).
Acompanhe aqui um guia para estes novos fundamentos e preste atenção: as informações hoje são universais.

Os sapatos
Em temporada meio chocha de acessórios, os sapatos brilharam. Comme des Garçons trouxe um tipo bicolor na vertical, colorido. Paco Rabanne fez boas botas pretas com fecho atrás, mais as de camurça crua, de cano alto e salto grosso. Gaultier lança chinelos japoneses em plataformas, enquanto Helmut Lang veste meia-calça colorida com sandália de tiras pela perna, estilo "grego". Miyake acerta nas botinhas cyber, baixas; Margiela apenas enrola plástico transparente em torno do pé da modelo sobre um salto grosso 5 cm. Versolato acerta nos saltos de madeira, mas deixou a modelo Patricia Hartmann em maus lençóis: ficou na mão dela, na passarela, o salto de seu sapatinho de ouro.
Martine Sitbon aposta no salto anabela, com expressão máxima na sandália de couro de cobra amarela.

As estampas
Margiela surpreendeu com românticos "photo prints", verdadeiras ilusões óticas de fotos de tricôs, jeans, vestidos, camisas sobre outros tecidos como jérsei ou cetim. Lang fez apenas uma sugestão de galhos de folhas, entre seus vestidos. As bolinhas entram com tudo. Seja na simetria de Ozbek, em tamanho gigante no vestidão de Vivienne Westwood, no efeito sombra para Yohji Yamamoto ou no tie-dye colorido de Gaultier.
Miyake investe em flores grandes estilo pintadas à mão; Lacroix usa desenhos delas do século 18. Mas são CDG e Gaultier as estrelas deste item: a primeira marca com grafismos, listras e quadrados (nenhuma peça era preta, como era de se esperar); o segundo com toda sorte de referências africanas, tribais e étnicas como um todo.

Os looks
Quem fez o tal chique relaxado pintou a boca de vermelho ou coral e levantou o cabelo em coques mais arrumados ou mais despenteados. Outras opções cercavam os modernos, a maior parte com olhos fumê, boca-nada ou levemente rosada e o chamado "bedroom hair"(cabelo-cama, aquele cabelo de quando você acorda).
Dentro desse estilo cabem variações. Martine Sitbon, por exemplo, pintou com spray preto as raízes dos cabelos das modelos, como se a tintura estivesse velha. Jean Colonna trouxe alguns looks grisalhos; Helmut Lang escorrido sobre os olhos da mesma forma que Ann Demeulemeester. Yohji Yamamoto fez moicanos e ainda jogou sobre eles tiaras com perucas de franjas invariavelmente pretas, em make gótico tipo Nina Hagen.

As cores
Muitas cores -e não apenas preto- como fundamento fashion são motivos de festa da temporada (editores de moda, compradores; todos comemoram).
As cores vêm "lavadas" para o dia (perolado, azul, lilás, água, pink) e intensas para a noite (verde, amarelo, fúcsia, laranja).
Duas delas, entretanto, destacam-se. O verde-oliva em suas variações (fosco, brilhante, intenso, pálido), vindo de consagração em Milão, e o marrom, que esteve em dez entre dez desfiles modernos. Com preto, então, é tudo.

Os comprimentos
Mais motivo para festa. Como a moda (e os habitantes do planeta fashion) se alimentam desse vaivém, agora vale também o comprimento longo, pelo tornozelo, contra a ditadura do pelo-joelho instalada há um ano pela Prada. Mas atenção, entre os modernos (Lang, Sitbon, Demeulemeester, Colonna) o que conta é o pelo-joelho mesmo. Escolha seu tipo.

Os materiais
É o mundo maravilhoso dos sintéticos -tantas possibilidades e novas tecnologias. Um dos caminhos da salvação da moda nos anos 90, os sintéticos possibilitam experimentação e resultados diferenciados. Seja no cyber de Miyake, na underwear de Helmut Lang ou no náilon de Lagerfeld.
O couro é um hype certo, o cetim enfrenta com glória novos desafios depois da overdose da última temporada e o jérsei se consagra.
Atenção para o reaparecimento do jeans como "trend"; está nas calças com pernas de risca-de-giz de Gaultier, nos minivestidos tacheados de Véronique Leroy e , finalmente, nas calças masculinas de Helmut Lang, com cinto para fora do passador ou com cordinhas como cinto.

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