São Paulo, sábado, 21 de outubro de 1995
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Peça remete à fantasia dos desenhos

MÔNICA RODRIGUES COSTA
EDITORA DA FOLHINHA

Em certos momentos de "País do Diferente", parece que o espectador está diante da TV, assistindo a um desenho animado.
Os personagens entram em brigas e trapalhadas e levantam inteiros, ao som de efeitos sonoros típicos desses desenhos.
A linguagem dos quadrinhos participa com balões de onomatopéias. "Pows" e "booms" interrompem as cenas ajudando a criar um clima engraçado e leve.
O espetáculo teve uma primeira montagem em 1991. O jovem diretor, Renato Figueiredo, 24, é também autor do texto, cenário e figurinos.
A preparação vocal dos atores é da atriz Anna Taglianetti (de "Cegonha, Avião... Mentira Não").
"País do Diferente" tem uma história, digamos, politizada. Nesse reino, todos são iguais e se vestem da mesma forma.
Os súditos não sabem pensar, limitam-se a fazer brincadeiras -às vezes bobas demais-, esquecer o que fazem e perder-se até no caminho para casa.
O ministro (Verônica Nobili) é o cidadão mais inteligente. Conduz a ação e imagina formas de enganar o povo.
O rei (Eduardo Figueiredo), ingênuo, meio bobo da corte, aceita as propostas de exploração. Os dois atores mudam as roupas dos súditos em troca de uma pequena colaboração em dinheiro.
Verônica Nobili e Eduardo Figueiredo divertem o público em fina sintonia. É possível perceber como compõem seus personagens quando deixam entrever pequenos comentários sobre suas ações ou sobre a atuação dos músicos, que ocorre em momentos exatos -a direção musical é de Mauricio Caruso.
O espetáculo brinca com os aspectos que a realidade tem de absurda. Nesse sentido, aproxima-se do conceito de teatro do absurdo.
Ao exagerar certos comportamentos considerados naturais ou comuns, provoca desautomatização da percepção e conseqente renovação da visão de mundo.
"País do Diferente" demonstra ser possível tratar de temas sérios e difíceis com crianças, de modo lúdico, levando tudo na brincadeira. O espetáculo "A Ver Estrelas", de João Falcão, também deste ano, pertence a essa mesma linhagem.
As duas montagens trouxeram vigor ao teatro para crianças e tomara que sirvam de exemplo de renovação.

Peça: País do Diferente
Direção: Renato Figueiredo
Elenco: Verônica Nobili, Eduardo Figueiredo, Ana Galotti, Daniel Furtado, Marcia Ferraz e outros
Onde: Teatro Paulista (rua do Paraíso, 494, tel. 287-2782)
Quando: sábados e domingos, às 16h
Quanto: R$ 8

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