São Paulo, sábado, 21 de outubro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Claes renuncia à chefia da Otan

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O secretário-geral da Otan, o belga Willy Claes, renunciou ontem. Ele ocupava o cargo mais importante da Organização do Tratado do Atlântico Norte, a aliança militar do Ocidente.
Claes renunciou porque se viu envolvido em um escândalo financeiro na Bélgica, do tempo em que era ministro da Economia, entre 1988 e 1989. Ele ficou um ano e três dias na Otan e foi o primeiro secretário-geral a renunciar.
Anteontem, o Parlamento belga quebrou a imunidade que a condição de ex-ministro garantia a ele, autorizando o Supremo Tribunal a julgá-lo. Ele é acusado de ter consentido com irregularidades favorecendo as empresas Agusta (italiana) e Dassault (francesa) na compra de helicópteros e na manutenção de aviões.
Imediatamente após sua renúncia, os 16 países da Otan começaram a discutir o nome do sucessor de Claes. Há dois candidatos favoritos: o ex-premiê holandês Ruud Lubbers e o ex-chanceler dinamarquês Uffe Ellemann-Jensen. O comissário europeu para assuntos externos, o holandês Hans van den Broek, também é cotado.
Em seu anúncio de renúncia, Claes tentou demonstrar que seu ato não significava uma admissão de culpa. Ele sempre disse ser inocente nos escândalos de que é acusado. "Ninguém pode negar que eu não tenho mais credibilidade para manter a liderança desta grande aliança. Há outra expressão além de 'assassinato político'?"
Ele disse que a investigação contra ele foi incompleta e que a acusação é baseada em indícios insuficientes. O episódio deve representar o fim de sua carreira política. Claes também é músico.
"Apesar de ser um homem irritado, não vou me tornar um homem amargo. Mas a decisão de hoje foi uma tragédia para mim e para minha família."
A decisão, entretanto, não foi surpreendente: desde que as evidências contra Claes se tornaram maiores, a Otan vinha considerando a hipótese de sua renúncia.
O maior desafio da entidade é encontrar um bom negociador. Neste momento, a Otan realiza na ex-Iugoslávia a maior operação desde que foi criada (em 1949). A relação com a ONU, que mantém tropas de paz na região, é cheia de conflitos, que devem ser administrados pelo secretário-geral.
Os EUA, principal sócio da organização, lamentaram a saída de Claes. "Ele era um bom amigo dos EUA e um grande incentivador da relação entre os dois lados do Atlântico. Foi um advogado efetivo pelo papel da Otan na Bósnia", disse o presidente Clinton.

Texto Anterior: Chuvas deixam 124 mortos na Tailândia; Juiz quer interrogar ex-ministro espanhol; Reno admite pena de morte a terroristas; Acusado suposto cúmplice do Chacal; Suécia nega extradição de argelino à França; Berlusconi pede fim do governo italiano
Próximo Texto: Aliança busca países do Leste
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.