São Paulo, sábado, 21 de outubro de 1995
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Aposta final

Frente às dificuldades que nesse momento enfrenta para ver aprovado no Congresso o seu projeto de reforma administrativa, o governo começa a trilhar o caminho das negociações diretas com o Congresso decidindo, por exemplo, aliviar alguns débitos estaduais e renegociar as dívidas de produtores agrícolas para conquistar o apoio de parlamentares ligados aos Estados mais endividados e o dos deputados da bancada ruralista.
Parece inevitável -quiçá em todo o mundo- que, frente às dificuldades a que normalmente estão sujeitos os governantes numa democracia, sejam negociados com os legislativos o acesso aos principais postos executivos e a adoção de medidas que contemplem demandas não necessariamente ligadas ao interesse público.
Por maior ou menor indignação que a estratégia ainda possa causar em quem acredita -talvez ingenuamente- que apenas as idéias presentes num programa de governo deveriam presidir as ações do Executivo, o fato lamentável é que, provavelmente, apenas por meio de manobras como essas o Planalto poderá preservar, tanto quanto possível, um projeto que considera importante para o país.
Por hora, resta apenas saber quais limites FHC conseguirá imprimir às alterações propostas pelo Congresso -para que o projeto inicial não seja demasiadamente desfigurado e possa garantir em sua versão final avanços na tarefa de redimensionamento do Estado- e quais limites éticos serão respeitados nas negociações para que não beirem a licenciosidade.

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