São Paulo, domingo, 22 de outubro de 1995
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'Não vou ao cinema para ver candelabros parados'

LÚCIA MARTINS
DA REPORTAGEM LOCAL

Maurício dos Santos, 26, tem "trauma" de cinema alemão. Desde que assistiu a "O Desespero de Verônica Voss" (a história de uma atriz alcoólatra na Alemanha pós-guerra, de R.W. Fassbinder), nunca mais quis saber de filmes daquele país. "Admito que é preconceito, mas não aguento. São sempre dramalhões."
Para ele, cinema tem que empolgar: "Ou porque tem gente sendo metralhada, ou porque tem gente se apaixonando".
Entre os seus preferidos, estão "Os Caçadores da Arca Perdida" (parou de contar na 38ª vez que assistiu) e "Guerra nas Estrelas".
"Não vou ao cinema para procurar o sentido da vida nem para ver candelabros parados e pensar sobre isso", diz. E acrescenta: "Tem gente que só assiste a um filme se o Jeremy Irons estiver no elenco. Esse pessoal que acha que é intelectual porque vê isso ou aquilo é muito chato".
Ele adora filmes de violência e aventura. Vê tudo de novo que chega às telas e, se gostar, compra a fita. Dos filmes que estão em cartaz em São Paulo, ele já comprou "Mortal Kombat", um filme sobre um combate sobrenatural.
Ele afirma que sempre pensa duas vezes antes de sair de casa para ver um filme "mais lento". Quando vai, é porque sua namorada, a professora de inglês Mara Sobreiro, o convence. "Nunca brigamos. Se quero ver algum filme romântico, ele vai. Não reclama."
Para Mara, 28, ir ao cinema é um ótimo programa -só se houver chocolates para comer durante a sessão e alguém para ir junto. "Nunca vou sozinha. Preciso de alguém para depois comentar."
O casal pertence a uma turma de amigos que se reúne toda semana para ir ao cinema e conversar sobre quadrinhos. O gerente de lojas de jogos Marcelo Fernandes, 29, sempre acompanha o casal nas idas ao cinema. Ele coleciona fitas de vídeo. Tem cerca de 150 fitas. Dessas, só dois filmes são dramas. "Não vou ao cinema para sofrer."

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