São Paulo, domingo, 22 de outubro de 1995
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O Fla-Flu da Paraíba

JUCA KFOURI

O Fla-Flu é um clássico tão imortal que virou um belíssimo livro reunindo crônicas dos também eternos Nélson Rodrigues e Mário Filho. "Fla-Flu...e as multidões despertaram!", é o título do livro editado, em 1987, pela Edição Europa.
"O Fla-Flu começou 40 minutos antes do nada", eis a frase rodrigueana que o inspirou. Nele é contada a história do Fla-Flu de 1919, quando até o presidente da República, Epitácio Pessoa, estava na tribuna de honra.
Naquele dia 21 de dezembro, o goleiro do Flu, Marcos Mendonça, defendeu, aos 8min do primeiro tempo, um pênalti em três atos. Rebateu a cobrança, desviou o rebote e, à queima-roupa, simplesmente agarrou o terceiro tiro. O Flu jogava pelo empate para ser campeão e acabou vencendo por 1 a 0. Chovia.
Outro jogo que o livro celebra é o Fla-Flu da Lagoa, jogado no estádio do Mengo, quando novamente o empate daria o título de 1941 ao tricolor.
O jogo entrou para a história por causa de seus últimos seis minutos.
Aos 39min, o rubro-negro fez 2 a 2 e partiu para ganhar o campeonato. A cada bola que chegava aos pés tricolores a viagem era inevitável: bola pra lagoa.
Ninguém sabe quanto tempo aqueles seis minutos duraram. Só se sabe que o expediente acabou valendo a taça ao Flu.
E tantas histórias mais, dignas de poemas, livros, filmes, dignas do Fla-Flu.
Fla-Flu que faz do Maracanã a oitava maravilha do mundo, como recentemente, nos 3 a 2 que valeram o título do centenário rubro-negro ao tricolor, o Fla-Flu da Barriga, da barriga de Renato Gaúcho decidindo o campeonato.
"E eu estava impedido mesmo", confessa Renato aos amigos.
Pois tivemos na quarta-feira passada o Fla-Flu da Paraíba. Campina Grande fez festa, o estádio lotou como se fosse um Fla-Flu, mas, no ar, faltava o sal de um Fla-Flu, faltava a magia, a bênção do Cristo Redentor.
Resultado? 0 a 0, no jogo e na nota do jogo.
Nélson Rodrigues chamaria de idiotas da objetividade os que inventaram fazer um Fla-Flu tão longe.
E Mário Filho? Esse deve estar perguntando por que tiraram a maior de suas paixões do estádio que leva seu nome.

Calma, caro Baldini. Além dos arrogantes e dos gângsteres, também a Associação Médica da Inglaterra quer proibir o boxe no Reino Unido.

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