São Paulo, domingo, 22 de outubro de 1995
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heavy cai na timbalada

ANA BAN

Como surgiu a idéia da parceria ?
Max Cavalera: A gente já tinha o plano de trazer um percussionista para gravar o disco, mas não sabíamos quem. Na festa da MTV, descobrimos o Carlinhos Brown. A troca de energia e influência surgiu naturalmente. Ele é uma pessoa com a cabeça aberta e entende nosso trabalho. E a gente entende o dele. Mesmo com diferentes estilos, nossa mensagem é a mesma.
Ele é como a gente: bateu a cabeça e batalhou pra caramba. Então combinou legal.
Carlinhos Brown: Eu já gostava da forma brasileira de o Igor tocar bateria. Foi tão bom tocar com eles no MTV Awards que me convidaram para gravar o disco. Topei na hora.
Vocês já ouviam o trabalho um do outro antes de se conhecerem?
Cavalera: Morando em Phoenix (EUA) tento manter contato com a música do Brasil. A música de Brown é honesta, igual à nossa. E eu sei dizer quando uma música é superficial, não sai da alma. Ele é um percussionista muito criativo. Como nós: ainda guardamos a rebeldia de não seguir as tradições. Muitas bandas perdem aquele fogo inicial e fazem tudo que a gravadora quer.
Brown: Eu já ouvia os discos do Sepultura e tenho uma admiração muito grande por eles, porque, depois de Carmen Miranda, foram os únicos brasileiros a ter uma expressão realmente afirmada para a cultura de massa fora do Brasil. Isso me fascinava. A minha vontade de também alcançar o mercado internacional nos aproximava de outra forma. Eles fazem uma música para fora, como eu com a percussão.
Será que os fãs mais radicais não vão estranhar a parceria?
Cavalera: A gente não tem mais fã radical. O grupo mudou junto com os fãs, que entenderam que o Sepultura não vai fazer o mesmo disco todo ano. Neguinho acha que o disco não vai vir mais pesado, é ao contrário, a percussão coloca mais peso.
Brown: A timbalada é uma coisa completamente separada do que eu sou em termos de música e o Sepultura também. Meu público sabe disso. Ao mesmo tempo, tenho o projeto “Tribal Rock”, dentro da timbalada. Quero misturar esse tamborilar de verdade com rock, com muita distorção.
Trazer uma pessoa como Carlinhos Brown tem a ver com o nome do disco, que é “Roots” (raízes)?
Cavalera: Tudo que envolve o disco tem a ver com raízes. A raiz musical da Bahia é muito forte. A gente também pensou em fazer um lance com os índios. A primeira música do Brasil é a indígena. Vamos gravar com os xavantes em novembro, na tribo.
Mais raiz que isso não dá.

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