São Paulo, segunda-feira, 23 de outubro de 1995 |
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Pinter volta à Broadway
NELSON DE SÁ
Uma sala, chamada Laura Pels, que vem sendo vista como o palco de salvação do teatro não-musical, na Broadway. Nos últimos anos, os custos crescentes causados por exigências sindicais e outras têm expulso os dramaturgos para longe do centro do teatro comercial em Nova York. Mas "Moonlight" não vem sendo um bom início para a sala Laura Pels. A presença de Jason Robards, uma estrela de cinema, e o aberto esforço da direção para contornar o viés formalista da peça não conseguem convencer o público. A recepção é fria, por maior que seja a boa vontade para se deixar levar pelo humor rarefeito da montagem. Jason Robards, como Andy, o velho moribundo que recorda a própria vida e reclama a presença dos filhos, apresenta um homem infeliz e cruel, preso à cama e capaz de torturar a mulher até o final. Como rei Lear, o modelo óbvio da peça de Harold Pinter, ele não aceitou, não entendeu, não desejou ter os filhos de outra maneira que não à sua maneira. Uma tragédia, mas uma tragédia seca por demais, em que os momentos de ausência de comunicação, ainda hoje o tema central de Harold Pinter, surgem em primeiro plano. Uma tragédia seca, em que o propósito é ainda o incômodo, a indisposição. Para quebrar a aspereza, é de grande ajuda a interpretação de Blythe Danner, uma veterana do melhor teatro na Broadway, como Bel, a mulher de Andy. Com uma ironia carinhosa, ela conversa e espera a morte do marido enquanto se entristece, até mais do que ele, pela ausência dos filhos. Dois deles, os dois homens, são apresentados como jovens perdidos, de vida estanque, morta -e com grande rancor do pai. Mas são também dois "clowns", na tradição do teatro do absurdo, e respondem assim pelos poucos e estranhos momentos de humor. (NS) Texto Anterior: 'A Tempestade' funde culturas Próximo Texto: Wooster mergulha em O'Neill Índice |
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