São Paulo, segunda-feira, 23 de outubro de 1995
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Elton John faz ótimo show cafona

DANIELA FALCÃO
DE NOVA YORK

Cafona e irresistível. Essas duas palavras resumem bem o que é o novo show do cantor inglês Elton John, que encerrou no sábado, em Nova York, a etapa norte-americana da turnê "Made In England" -a mesma que será mostrada pelo cantor no próximo mês no Brasil.
Irresistível porque ele consegue misturar muito bem as músicas do novo disco com antigos sucessos.
E cafona porque John sempre teve um gosto meio duvidoso -e nunca fez questão de esconder isso de ninguém.
Só para se ter uma idéia, o cantor vestia um terno de cetim apertado, cheio de quadradinhos brancos e verdes.
O show dura três horas e Elton John só saiu do palco uma única vez, por menos de cinco minutos. E, enquanto esteve no piano, fez de tudo -tocou sentado, em pé, de joelhos, de costas e até deitado.
Mas o que faz de "Made in England" um show irresistível é o fato de John ter resolvido fazer do concerto um balanção de sua carreira. Ele toca várias músicas antigas, inclusive as que o fizeram virar o rei do pop, como "Your Song", "Rocket Man", "I Guess That's Why They Call It The Blues" e "Sacrifice".
Para abrir o show, John escolheu, de propósito, uma canção água com açúcar "I'm Still Standing" ("Eu ainda estou de pé").
A razão da escolha é óbvia: John quer mostrar que, apesar de ter mais de 25 anos de estrada, ainda tem disposição, bom humor e carisma para levantar o público de qualquer lugar.
E, pelo menos nas apresentações de Nova York, ele mostrou que está certo.

Lotação Esgotada
Acompanhado por sua banda -Davey Johnstone (guitarra e banjo), Guy Babylon (teclado), Bob Birch (baixo), Ray Cooper (percussão) e Charlie Morgan (baterista)- John lotou o Madison Square Garden em suas duas únicas apresentações em Nova York.
Os 39 mil ingressos para os shows acabaram no início de setembro.
As apresentações no Madison Square Garden foram as duas últimas de Elton John em sua turnê por 35 cidades norte-americanas. E, para sorte dos que conseguiram o ingresso, ele parecia estar especialmente inspirado.
Subiu em cima do piano, recolheu pessoalmente todas as flores oferecidas pelos fãs, fez mil caretas, deu autógrafos e fez até declarações de amor à cidade.
"Adoro Nova York e amo tocar no MSG. Aqui é um dos poucos lugares em que se pode fazer quase tudo, sem ser recriminado. Já me comportei mal, voltei a me comportar bem, depois fui mal de novo e nunca fui criticado", afirmou John no início do show.

Cafona
Ele confirmou que seu forte nunca foi seguir a moda à risca na hora de escolher os efeitos especiais do show.
Em "Rocket Man" ele abusa do direito de ser cafona, quando o fundo do palco é transformado num céu estrelado graças a recursos tecnológicos.
Apesar do gosto duvidoso, o público aderiu ao clima. Mesmo sendo proibido fumar no MSG, a casa de shows ficou lotada de isqueiros acesos. Brega, mas lindo.
Outro momento contagiante e cafona, aconteceu em "Can You Feel The Love Tonight" (tema do filme "Rei Leão"), quando imagens do desenho da Disney ocuparam todos os telões e o público cantou junto.
O momento mais "tocante" do show, entretanto, só acontece na hora do bis. Quando o cantor interpreta "Your Song", sua música mais conhecida e uma das baladas mais populares da história.
No Brasil, Elton John fará duas apresentações de "Made in England" (nome de seu novo disco e do show): dia 24, na pista de atletismo do Ibirapuera, em São Paulo; e, dia 25, no Rio de Janeiro -em local ainda não definido.

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