São Paulo, terça-feira, 24 de outubro de 1995
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Desemprego surpreende e volta a crescer

DA REPORTAGEM LOCAL

A taxa de desemprego da Grande São Paulo surpreendeu em setembro e voltou a crescer, depois de quatro meses de queda.
Pesquisa da Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados) e do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-econômicos) indica que o desemprego subiu de 12,9% em agosto para 13,3% da PEA (População Economicamente Ativa, conjunto de pessoas com mais de 10 anos em condições de trabalhar).
Com o resultado, 34 mil pessoas ficaram sem trabalho no mês passado, aumentando o contingente de desempregados para 1,086 milhão de pessoas nos 38 municípios pesquisados.
Segundo o economista Pedro Paulo Martoni Branco, diretor-executivo da Fundação Seade, o aumento do desemprego surpreendeu porque não é comum no mês de setembro. O normal seria crescer cerca de 1% em relação a agosto.
As empresas costumam contratar no último trimestre para atender ao aumento das vendas no final do ano.
Nos 11 anos de pesquisa de desemprego, só em 1987 e 1993 (anos de crise econômica) ocorreu movimento semelhante.
A explicação para a queda, segundo ele, estaria no efeito das medidas de desaquecimento da economia que o governo vem adotando desde março.

Ocupação
O nível de ocupação caiu 0,3% em relação a agosto. A ocupação reflete todas as pessoas que exerceram atividade no período da pesquisa, ainda que isso não represente trabalho formal. Por isso, o total de desocupados cresceu em 22 mil pessoas (e não em 34 mil, que é o número de novos desempregados).
Houve redução generalizada da ocupação, exceto no setor de serviços, que absorveu mais 17 mil pessoas. Na indústria, a queda foi de 5.000 postos de trabalho.
O comércio eliminou 3.000 vagas, enquanto outros setores (principalmente serviços domésticos e construção civil) suprimiram 31 mil empregos.
Apesar do recuo de setembro, o nível de ocupação na Grande São Paulo encerrou setembro 2,3% maior que no mesmo mês do ano passado e o desemprego é 5,7% menor.
Esse crescimento chegou a 350 mil vagas, em julho, mas desde então houve perda de 50 mil postos de trabalho.
Segundo Martoni, a tendência é de no mínimo estabilização do emprego neste final de ano, já que se trata do período de maior aquecimento da economia.
Já o desemprego aberto (quem procurou emprego nos 30 dias anteriores à pesquisa e não exerceu atividade nos sete dias anteriores a ela) aumentou 3,4%.
A renda de quem se manteve empregado recuou em agosto (salário consumido em setembro) em relação a julho.
Para os assalariados, a queda média foi de 1,5%, enquanto os ocupados perderam 2,8%.

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