São Paulo, terça-feira, 24 de outubro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CNT exibe o melhor filme de Pollack

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

A primeira questão que "Essa Mulher É Proibida" (CNT/Gazeta, 20h) propõe é: quem será o responsável pela beleza do filme? Na origem, está o dramaturgo Tennessee Williams. Depois, há o roteirista: Francis Ford Coppola. E um par de atores de primeira linha linha: Natalie Wood e Robert Redford, os dois amantes que se encontram (e se desencontram) nessa história ambientada nos anos da Depressão. Há, ainda, o diretor de fotografia James Wong Howe. Sempre foi um "cameraman" arrojado. Aqui, porém, faz um plano exorbitante. No início, temos um primeiro plano de Natalie Wood. Pouco depois, o plano se abre o bastante para percebermos que ela em uma janela.
E continua abrindo: a janela é a de um trem em movimento. Em seguida, a câmera parece desacoplar-se do trem, distancia-se. Por fim, a câmera sobe: vemos o trem inteiro e a paisagem.
É um dos planos mais memoráveis do cinema americano nos anos 60. Na época, os problemas técnicos que se propunham eram imensos. Não existia o steadycam, aparelho que estabiliza a imagem, mesmo quando a câmera está na mão. Daí o prodígio, de imaginação e de realização.
O filme inteiro é interessante. Mas esse é um momento realmente superior de cinema. Não importa que, hoje, fosse relativamente mais simples realizá-lo. Existe uma tensão no conjunto que nos informa, a cada segundo, da grandeza do que vemos e veremos.
Vale a pena esperar por esse momento, mesmo que se perca o início de "À Queima-Roupa" (Record, 21h30), o belíssimo policial de John Boorman. É, também, um momento essencial de Lee Marvin, como o gângster que procura arrancar do sujeito que o traiu o dinheiro a que tem direito.
(IA)

Texto Anterior: CLIPE
Próximo Texto: "Dublê" tem a marca do autor
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.