São Paulo, quarta-feira, 25 de outubro de 1995
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Votação na Câmara quase termina em agressão

DANIELA PINHEIRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A votação da reforma administrativa na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara quase terminou em agressão física.
A pressão e os xingamentos dos manifestantes contra o fim da estabilidade tiraram do sério os deputados governistas da comissão. E a aprovação da proposta do governo revoltou os cerca de 70 servidores públicos entraram no Congresso.
O líder do PSDB na Câmara, José Aníbal (SP), chegou a chamar os manifestantes para a briga: "Vem um por um", disse, após ter sido chamado de "canalha". Um segurança acalmou Aníbal.
Pouco depois, ao deixar a CCJ, Aníbal foi encurralado por pelo menos 30 servidores. Para se livrar do cerco, apelou para cotoveladas.
Outro alvo dos servidores foi o líder do PFL, deputado Inocêncio Oliveira (PE). Também foi cercado, mas não se incomodou ao ser chamado de "nazista e safado".
"Não andei muito devagar ao ponto de parecer provocação, nem muito rápido para parecer que eu estava com medo", afirmou.
Se não fosse a barreira de fotógrafos a sua volta, Inocêncio receberia um tapa da servidora Raquel de Falco Augusto: "Não bati, mas bem que ele merecia", disse.
Pelo menos oito gritos de ordem foram ensaiados para o protesto. O mais cantado foi "Fernando um/ Fernando dois/ Qual é a merda que vem depois?", seguido de "Abaixo o acordão/ Picaretas da nação".
Assustados com os servidores na porta da CCJ, os deputados Luiz Carlos Santos (PMDB-SP), líder do governo, e Benito Gama (PFL-BA) queriam evitar o público. "Será que não dá para sair pela janela?", disse Santos ao colega.
Nem mesmo o relator Prisco Viana (PPB-BA), que é contra a quebra da estabilidade, escapou. Foi seguido pelos servidores, que esmurraram a porta da sala em que entrou: "Sai daí, Bresser". O ministro da Administração, Luiz Carlos Bresser Pereira, autor da emenda, não estava no Congresso.

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