São Paulo, quarta-feira, 25 de outubro de 1995
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Católicos pagam seus pecados, diz Wright

'Igreja sempre perseguiu evangélicos'

EMANUEL NERI
DA REPORTAGEM LOCAL

O reverendo presbiteriano Jaime Wright, 68, disse ontem que a Igreja Católica "está pagando seus pecados pela perseguição que sempre exerceu" contra missionários evangélicos que chegaram ao Brasil desde o século 19.
Ex-secretário-geral da Igreja Presbiteriana Unida do Brasil, ele diz que os presbiterianos "sofreram barbaridades" da Igreja Católica.
O reverendo é amigo de d. Paulo Evaristo Arns, cardeal arcebispo de São Paulo, com quem dividiu a autoria do livro "Brasil: Nunca Mais". O livro revela nomes de torturadores do regime militar (1964-1985).
Segundo Wright, sua própria família foi vítima da perseguição da Igreja Católica. Seu pai, Latham Ephraim Wright, pastor norte-americano, chegou ao Brasil em 1923 para dirigir um colégio em Castro (PR).
Em 1930, quando sua família se mudou para a cidade de Herval, em Santa Catarina, segundo Wright, o bispo de Lajes (SC) pediu aos comerciantes locais para fazerem boicote contra ele.
"A ordem era para os comerciantes não venderem comida à nossa família", diz Wright, nascido em Curitiba (PR), em 1927. "O boicote só não funcionou porque dois desses comerciantes eram mais comerciantes que católicos."
Wright afirma que as missões evangelizadoras no Brasil "nunca sofreram perseguição" do governo. "As perseguições sempre foram da Igreja Católica." Os evangélicos chegaram a pedir proteção aos maçons.
"Os maçons sempre tiveram como princípio a luta contra a tirania e viam a ação dos católicos como tirania", afirma. Para Wright, ao contrário dos católicos, os maçons "sempre tiveram atitudes de respeito com quem pensa diferente".
Wright também condena a Igreja Universal. Para ele, o ataque contra a imagem de Nossa Senhora Aparecida foi um "ato de fanatismo religioso" e uma atitude exibicionista.

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