São Paulo, quarta-feira, 25 de outubro de 1995
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Pressionado, d. Lucas faz pronunciamento

FERNANDO MOLICA
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

O presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), d. Lucas Moreira Neves, 70, recusou ontem convite para participar do programa "25ª Hora", da TV Record. A Record pertence à Igreja Universal do Reino de Deus.
O convite foi transmitido a d. Lucas na manhã de ontem, em Brasília, onde está reunida a CEP (Comissão Episcopal de Pastoral), espécie de diretoria da CNBB. D. Lucas recusou o convite de imediato.
À tarde, porém, d. Lucas afirmou que não havia recebido nenhum "convite oficial'.
Os dez integrantes da CEP que vieram a Brasília passaram a maior parte da tarde de ontem discutindo a agressão à imagem de Nossa Senhora Aparecida, no último dia 12, pelo bispo Sérgio Von Helder, da Universal.
O vice-presidente da CNBB, d. Jayme Chemello, não descartou a hipótese de a entidade processar a igreja do bispo Edir Macedo em caso de novos ataques.
"Por enquanto", a CNBB não pensa em processo, mas isso poderá ocorrer caso estes ataques continuem, disse. Esse foi um dos temas da reunião de ontem.
Apesar das tentativas de se considerar o caso superado, foi acertado que d. Lucas fará hoje um novo pronunciamento sobre o assunto.
Durante a primeira parte da reunião, o presidente da CNBB disse que está sendo pressionado a se manifestar de maneira mais enfática sobre o episódio -ele estava em Roma no dia da agressão.
D. Lucas voltou a dizer que o papa João Paulo 2º ficou "consternado" ao saber da agressão à imagem de Nossa Senhora Aparecida.
Durante a reunião, o padre José Ernanne Pinheiro, assessor da CNBB, fez um histórico do caso e leu alguns textos, entre eles trechos de um artigo sobre a agressão escrito pelo padre Marcelo Barros, da diocese de Goiás Velho.
No texto, Barros questiona a participação de bispos católicos na polêmica gerada a partir do gesto de Von Helder.
"Receio que, como em todas as históricas divisões entre as igrejas, esse conflito tenha como epicentro não a honra ou a imagem de Deus ou da Virgem Maria e sim a imagem e autoridade de igrejas e pastores, bem como seus interesses bem mais mundanos do que a missão do Reino de Deus", diz ele.
Barros critica o que classifica de "infeliz espírito de cruzada" ao referir-se aos "atos de reparação a Nossa Senhora".

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